As catástrofes naturais - terramotos, maremotos e tsunamis - ainda que, poucas vezes, previsíveis, são inevitáveis. A natureza ganha quase sempre no combate contra o homem. Os incêndios, quando naturais, também. São de consequências imprevisíveis;
O que arrepia em Pedrógão e nos incêndios de Outubro, em Portugal, ou nos de ontem, na Grécia, não é a força da natureza. Dela podemos esperar tudo.
O que arrepia, o que choca, o que nos faz corar de vergonha é a falta de Estado.
O desordenamento florestal e urbano.
A falha nas comunicações. As decisões tardias e, por vezes, erradas. O abandono de populações à sua sorte. A prevenção mínima ou inexistente. O combate sem meios. O deixa-andar. As leis feitas à medida de lobbies e escritórios de advogados, aprovadas por deputados mal-preparados e laxistas.
Ou, simplesmente, ignorantes.
Impressiona a falta de assunção de responsabilidades.
O tão português, e mediterrâneo "logo se vê". O confiar na sorte, e apenas nela. O "deixa andar"; o "deixa ver, pode ser que não aconteça nada";
Repito.
Os governos não são responsáveis pelos fogos.
Mas são responsáveis pelas decisões. Ou não decisões.
O mundo já cá estava antes de nós chegarmos.
E conseguimos torná-lo num lugar muito estranho.