O Bloco, habituado a atacar e não a defender-se, a acusar em vez de ser acusado, a denunciar em vez de ser denunciado, a cavalgar a onda mediática e não a inventar teorias da «cabala», ficou encurralado ao ver-se ao espelho e não conseguir disfarçar a distorção da imagem.
Ainda assim, Catarina começou por dizer, sexta-feira, que "o Ricardo não fez nada de mal". Fez "tudo bem", dentro da legalidade. O Bloco estava com Ricardo. Depois dela, Louçã – outro fundador, mas da ala PSR – também não via problema. Mortágua também não. O Bloco, unido, jamais terá demissionários.
Ricardo também não via problema.
A «especulação» que combate e a «gentrificação» passaram-lhe ao lado.
Segunda-feira fala Fazenda. Diz pouco e meio encriptado.
E, afinal, Ricardo sai.
Descobriu tarde que iria ter um problema «político». O mesmo problema que já tinha desde sexta-feira;
E terça, Catarina, em Belém, já traz outro discurso.
Afinal, respeita a "opção do Ricardo e da família", considera que, afinal, ao contrário do que achava sexta-feira, "seria difícil (a Ricardo Robles) manter o exercício da função" e, portanto, o Ricardo "fez o que devia fazer".
Afinal, devemos acreditar na Catarina de sexta ou na Catarina de segunda?
Afinal, se sexta estava tudo bem e na segunda (Ricardo) fez o que devia ter feito, qual das versões corresponde ao que Catarina pensa e qual delas corresponde ao que diz?
A defesa feita na sexta-feira era táctica, estratégica ou cega?
E a queda de segunda é por convicção, coerência ou oportunismo?
A UDP ressuscitou.
Bastaram meia dúzia de frases para derrubar a construção à volta de Robles, que parecia indestrutível.
E, agora, para lá do eleitorado e das repercussões públicas, Catarina ainda vai ter de lidar, outra vez com a UDP.
E agora?