Opinião

E se o PS ganhar (as europeias) por "poucochinho"?

Há cinco anos o PS, de António José Seguro, ganhou as eleições europeias. Ganhou. Com 31,4 por cento. Mais de um milhão de votos.

Do outro lado estava uma coligação PSD/CDS. O PS, sozinho, ganhava à direita unida. Costa, presidente da Câmara de Lisboa, a preparar o assalto ao partido, entendeu que a vitória, repito, a vitória foi por "poucochinho".

O resto já se sabe.

Apeou Seguro numas primárias e é líder do PS desde então.

Seguro anda calado desde aí.

Guardou reserva a aparições públicas, pedidos de entrevistas e de debates, comentário e análise.

Saiu.

Costa tem, agora, eleições europeias.

Claro que as enfrenta enquanto primeiro-ministro, com a força decorrente do poder, mas as europeias não são fáceis para quem governa.

Nunca foram.

Costa tem de as ganhar.

E não pode ser por "poucochinho".

Até porque ainda este ano há legislativas e Costa ainda não ganhou nenhumas.

Vai ao baú do Governo para fazer a lista do Partido.

Prefere fazer uma remodelação que não será nem tão cirurgica como diz nem tão profunda como se pensa.

Sacrifica a orgânica do Governo, muda as pastas e as competências a seis meses de legislativas.

Este é um Governo ao serviço do partido.

E uma orgânica ao serviço das escolhas e das incompatibilidades dos escolhidos para ministro ou secretário de Estado.

Costa quer fazer uma lista "de combate" e chama os mais próximos.

Quando o círculo do poder se afunila demasiado, as opções acabam por ser estas - os da casa, os de confiança;

Segue a mesma fórmula para o Governo.

Promove secretários de estado a ministros.

Não vai fora, nem do governo nem do Partido.

Só há um factor que Costa não domina: os boletins de voto preenchidos.

E se o PS perder com os ministros ou ganhar por "poucochinho?"