- «Quem era o Zeca Mendonça?»
perguntou, ontem, a minha mulher,
quando entrou no rodapé da SIC Notícias a frase de última hora
MORREU ZECA MENDONÇA, HISTÓRICO ASSESSOR DO PSD
e ela tinha razão.
Há uns milhares de pessoas no país que sabem muito bem quem foi.
E este texto serve, precisamente para dizer aos outros milhões, como era Zeca Mendonça.
A biografia não tem muitas entradas: segurança de Sá Carneiro em 1974, assessor de imprensa do PSD desde 1977 até ao ano passado, agora consultor do PR.
Três linhas.
O Zeca era um príncipe.
Um Gentleman;
Um sedutor;
Um Homem competente, dedicado e discreto
Um assessor que não atrapalhava, ajudava;
que não opinava, esclarecia;
que não discutia, respeitava;
que não se metia no trabalho dos jornalistas, observava.
O Zeca foi confidente de todos os líderes do PSD desde Sá Carneiro.
O Zeca estava sempre ali.
Atendia sempre o telefone e devolvia sempre as chamadas que não tinha conseguido atender;
O Zeca tinha sempre um sorriso, uns braços abertos, um olhar satisfeito.
O Zeca era encantador, incansável e discreto.
Sabia o que fazer e como o fazer sem dar nas vistas.
O Zeca era um exemplo.
O Zeca tinha sempre milhares de histórias para contar.
Relatos de situações que tinha passado e que contava com reserva mas com graça, leveza e rigor.
Muitas vezes o desafiei a deixar-me escrever-lhe as memórias.
Recusou sempre, com a delicadeza, o sorriso nos lábios e a leveza com que vivia.
Ainda assim, o Zeca dizia sempre que para ele não tinha havido «ainda» 25 de Abril.
Era uma piada.
Queria dizer que, mesmo depois de 74, ele continuava a ter «partido único».
O PPD/PSD.
O Zeca podia ter sido o que quisesse. Deputado, ministro, dirigente público, o que fosse.
Nunca quis ser.
Quis ser sempre o Zeca, quis ser sempre ele próprio.
Adeus, Zeca.
E obrigado pela memória que nos deixas.
Uma lição de simplicidade, desprendimento e uma vida dedicada a uma causa.
Tanto, tanto, tanto que esta gente que anda na política podia ter aprendido contigo.