Se dois em cada três portugueses optam por não votar, há-de haver um problema.
Nos discursos oficiais de noites eleitorais, há décadas que o lamento é o mesmo: «temos de refletir, perceber o que afasta eleitos de eleitores, porque é que o povo não se interessa por política, mudar a forma como se fazem campanhas, facilitar o processo do voto«, blá blá blá…
Tudo certo.
Quando a abstenção começou a ultrapassar os 40 por cento, o discurso tornou-se este.
Hoje, que está próxima dos 70 por cento, não sei o que falta para que os partidos, todos, façam o que andam há décadas a dizer que é preciso fazer:
- refletir
- perceber o que separa eleitos e eleitores
- perceber como mudar campanhas eleitorais e torná-las mais próximas, menos folclóricas e mais interessantes
- facilitar o processo do voto, seja por voto à distância, voto electrónico ou voto em qualquer lugar
- não enganarem os eleitores, com currículos falsos, licenciaturas que não são, mestrados que não existem, emprego para os amigos e a família, contratos públicos para os homens do aparelho, falsas presenças no parlamento e um sem número de incongruências que fazem mais pelo aumento da abstenção do que qualquer campanha aborrecida.
E, já agora, os partidos - todos - deviam concentrar-se em debater e não insultar; discutir propostas e não apregoar slogans; perceber os cidadãos e as suas necessidades e não debitar ideologia;
Não se pode usar sempre o mesmo remédio e esperar um resultado diferente.