Cinco pontos para percebermos o que está a acontecer no Leste da Europa – e o que pode mudar na vida de todos nós.
1 – ALEMANHA, FRANÇA E REINO UNIDO REJEITAM EXIGÊNCIA DE PUTIN DE PASSAR A PAGAR O GÁS EM RUBLOS
Alemães e franceses falam em “chantagem inaceitável”, analistas de energia consideram que é sinal de desespero por parte de Putin. O Presidente russo assinou decreto que obriga ao pagamento em divisa russa a partir desta sexta. Os principais compradores europeus lembram que nos contratos não é isso que está escrito e recusam-se a aceitar a exigência do líder russo. Putin disse que as sanções ocidentais já foram impostas antes e a guerra económica contra a Rússia começou há alguns anos. Acrescentou que o Ocidente se esforçará para encontrar razões para impor novas sanções e acusou: “O objetivo sempre foi minar o desenvolvimento da Rússia. Os EUA vão lucrar com a instabilidade global e resolver seus problemas às custas de outros. A mudança da Europa para comprar gás natural líquido dos EUA levará à perda de milhões de empregos na Europa”.
2 – UCRANIANOS GARANTEM QUE RÚSSIA PERDEU CAPACIDADE OFENSIVA EM TORNO DE KIEV
No entanto, o número de efetivos russos em torno da capital “não é pequeno”. Ucrânia acredita que a Rússia está a mobilizar tropas para a ofensiva final no Donbass.
Oleksandr Hruzevych, vice-chefe de gabinete das forças terrestres da Ucrânia, acrescentou que as forças russas ao redor de Kiev perderam sua capacidade ofensiva e estão a mudar de tática para favorecer ataques de longo alcance mais do que combate direto. “O inimigo quase esgotou seu potencial ofensivo, mas as forças que permanecem em torno de Kiev não são pequenas”.
Inteligência britânica apontou, nas últimas horas, que a Rússia está reagrupar na Geórgia, num contingente entre 1200 a 2000 unidades militares, em três batalhões táticos.
3 – BIDEN: “HÁ SINAIS DE QUE PUTIN ESTÁ A ISOLAR-SE E A PUNIR ALGUNS CONSELHEIROS”
O presidente dos EUA acrescentou que “há muita especulação, mas ele parece estar – não estou a dizer isso com certeza – parece estar a isolar-se e há alguma indicação de que demitiu ou colocou em prisão domiciliária alguns dos seus conselheiros. “
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, aprovou um plano para estender a implantação do porta-aviões USS Harry S. Truman no Mediterrâneo até ao verão. As aeronaves da transportadora estão a voar em apoio aos esforços dos EUA e da NATO para reforçar o flanco leste. O porta-aviões partiu da costa leste dos EUA em dezembro e agora deve estar na região possivelmente até agosto. Uma implantação típica de operadora é de seis meses.
Três navios de guerra da Marinha que fazem parte do grupo de ataque geral de Truman também estão a ser reforçados. Em fevereiro, o Exército dos EUA estendeu uma brigada de combate de cerca de 4.000 soldados que já estavam em missão rotativa na Alemanha por mais 60 dias.
4 – SOLDADOS RUSSOS RECUSAM-SE A ACEITAR ORDENS E ABANDONAM EQUIPAMENTO MILITAR NO TERRENO
Chefe das Forças Armadas britânica sentencia: “Putin deu vários tiros nos pés com uma série de juízos mal-formulados com consequências catastróficas”. Noutro âmbito, o ministro da Defesa do Reino Unido garantiu que as tropas russas se mantêm a defender posições conquistadas a leste e oeste de Kiev.
Há um ligeiro recuo, mas a Rússia deverá passar a combater sobretudo nos subúrbios e está a mudar do combate direto para os ataques de longo alcance. Entretanto, o chefe da inteligência militar francesa, general Eric Vidaud, foi instruído a renunciar ao cargo em parte por “não antecipar” a invasão russa da Ucrânia.
5 – CIMEIRA UE/CHINA IMPORTANTÍSSIMA ESTA SEXTA
Líderes da União Europeia e da China reúnem-se hoje, por videoconferência, numa cimeira que não será “como habitual”, mas na qual Bruxelas vai exortar a esforços de Pequim para acabar com as hostilidades russas na Ucrânia.
A 23.ª Cimeira UE-China começa com sessão de trabalho entre os presidentes do Conselho Europeu, Charles Michel, e da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, acompanhados pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, juntamente com o primeiro-ministro chinês, Li Keqiang. Segue-se, à tarde, uma outra sessão entre os dirigentes da UE e o Presidente chinês, Xi Jinping, numa cimeira ainda realizada à distância devido às restrições relacionadas com a covid-19. “Não será uma cimeira ‘business as usual’ [‘como habitual’, numa tradução livre] , pois queremos ver a China a usar a sua influência, enquanto potência económica e geopolítica, para garantir o respeito pelas leis internacionais com vista ao restabelecimento da ordem de segurança global”, afirmam fontes europeias numa antecipação da cimeira. Lembrando que “a China tem tido uma posição neutra”, as mesmas fontes admitem que isso “será difícil de mudar”, mas ainda assim o bloco comunitário vai “apelar à China para influenciar a Rússia a acabar com as hostilidades”.