O chanceler alemão, Olaf Scholz, é recebido esta terça-feira pelo Presidente russo, Vladimir Putin, no Kremlin, após uma visita do seu homólogo francês, Emmanuel Mácron, na semana passada. As diligências diplomáticas para evitar uma guerra multiplicam-se. “A Alemanha tem uma relação mais especial com a Rússia, que é a relação energética”, considera Germano Almeida que alerta para o problema energético que poderá resultar de um eventual conflito bélico.
O possível adiamento da entrada em funcionamento do gasoduto Nord Stream 2, que liga diretamente a Rússia à Alemanha, pode ser uma das sanções a aplicar a Moscovo, mas também pode levar ao corte de fornecimentos de gás à União Europeia.
A questão do gasoduto é um dos fatores que faz com que Berlim tenha um “papel muito importante” junto da Rússia. Germano Almeida lembra também que “a Rússia fornece cerca de 40% do gás à Europa e entre 55 a 60% do gás à Alemanha” e que “o petróleo chegou ontem a um pico de sete anos”, questões que podem ser favoráveis a Putin.
“No caso de um conflito bélico, imaginemos a crise energética que poderá haver no petróleo e no gás”, sublinha o comentador, na Edição da Manhã da SIC Notícias.
Os esforços da diplomacia
“As últimas 24 horas parecem ter dado uma nova oportunidade e um novo folego à diplomacia. No terreno, não se vê nenhum apaziguamento ou desanuviamento, vê-se agravamento”, considerou Germano Almeida, tendo também em consideração as últimas informações dadas pelos serviços de inteligência britânicos que “avisaram, há horas, que os russos estão a aumentar a presença de tropas na fronteira ucraniana, e não é pouco, 14 batalhões, cada um com 800 homens, são mais de 11 mil soldados a agravar o número já no total de perto de 150 mil”, refere Germano Almeida.
“A verdade é que neste momento temos França e Alemanha a jogarem tudo para evitar a guerra, EUA e Reino Unido também, mas de uma forma mais pragmática”, realça.
“Não é impossível que esta crise possa durar semanas ou meses”
Na opinião de Germano Almereida, “o que parece claro é que Putin está agora numa situação em que, embora mostrando a carta da diplomacia, tem condições para ordenar a invasão hoje, amanhã, só daqui a duas semanas ou daqui a dois meses”.
“Isto de se arrastar o conflito por muito tempo, não é uma má notícia, é uma boa notícia. Há episódios na História de presença de forte contingente militar em espaços críticos, em fronteiras, durante vários anos, e até pode acontecer isso com a Rússia na Ucrânia, não sabemos, a verdade é que isso dá vantagem ao Presidente Putin”.
O comentador lembra, no entanto, que tudo está em aberto: “a situação até se pode arrastar bastante ou pode precipitar-se”.