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Condenado a 20 anos de prisão pai de juíza que matou a tiro ex-companheiro da filha

O tribunal de Anadia condenou hoje a 20 anos  de prisão o pai de uma juíza que, em fevereiro de 2011, matou a tiro o ex-companheiro  da filha. 

O arguido, julgado por um tribunal de júri composto por um coletivo  de três juízes e por oito jurados (quatro efetivos e quatro suplentes),  foi considerado culpado de um crime de homicídio qualificado, tendo sido  absolvido do crime de detenção de arma proibida. 

António Ferreira da Silva, de 64 anos, terá ainda de pagar uma indemnização  de 50 mil euros aos pais da vítima. 

O tribunal decidiu ainda alterar a medida de coação do arguido de prisão  domiciliária para prisão preventiva, até a decisão transitar em julgado,  para acautelar o perigo de fuga. 

Após a leitura do acórdão, que durou mais de quatro horas, o advogado  Celso Cruzeiro, que defende o arguido, anunciou que vai recorrer desta decisão.

Já o advogado da família da vítima, José Ricardo Gonçalves, considerou  que se "fez justiça". 

António Ferreira da Silva estava acusado de um crime de homicídio qualificado,  com uma moldura penal de 12 até 25 anos de prisão. 

Nas alegações finais, o procurador do Ministério Público (MP) e o advogado  da família da vítima pediram a condenação do arguido, com uma pena de prisão  superior a 20 anos. 

Já o advogado de defesa requereu a condenação do seu cliente por homicídio  privilegiado, punido com pena de prisão de um a cinco anos. 

O crime ocorreu no dia 05 de fevereiro de 2011, quando a vitima, o advogado  Cláudio Rio Mendes, visitava a filha de três anos, conforme determinado  no processo de regulação do poder paternal, no parque do Rio Novo, na Mamarrosa.

No local, também se encontrava o pai da sua ex-companheira que, após  uma discussão, puxou de um revólver e disparou um tiro à queima-roupa contra  o advogado. 

Cláudio Rio Mendes ainda virou as costas e procurou fugir, mas o arguido  seguiu-o, com a neta ao colo, e disparou mais cinco tiros, acabando a vítima  por tombar inanimada próximo do seu veículo automóvel. 

Após o crime, o suspeito entregou-se no posto local da GNR, levando  consigo o revólver utilizado. 

De acordo com o despacho de acusação, o homicídio de Cláudio Rio Mendes  ocorreu num contexto de "aceso conflito", em torno do exercício das responsabilidades  parentais da neta do arguido. 

Segundo o MP, o suspeito já tinha o crime premeditado uma semana antes  de alegadamente cometer o homicídio. 

"O arguido decidiu, logo após a primeira visita do pai, levar para a  segunda visita uma arma de fogo de defesa pessoal que desde logo projetou  utilizar se as circunstâncias o permitissem para alvejar a vítima", pode  ler-se na acusação. 

Lusa