País

Frente Comum considera inconstitucional corte retroativo de pensões do Estado

A coordenadora da Frente Comum dos Sindicatos da Função Pública considerou hoje ilegal a aplicação de cortes retroativos nas pensões do Estado e garantiu que se o Governo aprovar a medida vai pedir a avaliação de constitucionalistas.

Arquivo Lusa
MANUEL DE ALMEIDA

"Quando é que passa pela cabeça de alguém que pensões que foram atribuídas  de acordo com a lei em vigor, com os pressupostos existentes quando a pessoa  foi contratada, sejam alteradas agora, só porque o Governo pretende sacar  mais aos trabalhadores", questionou Ana Avoila, em declarações à agência  Lusa.  

Sublinhando que a situação "não faz nenhum sentido", a sindicalista  defendeu tratar-se de uma medida "ilegal e "altamente inconstitucional",  reagindo à possibilidade, reiterada na quarta-feira pelo secretário de Estado  da Administração Pública em entrevista à SIC, de o Governo cortar nas atuais  pensões do Estado. 

A medida, que está a ser ponderada pelo executivo, visa uma redução  na ordem dos 10% em todas as pensões da Caixa Geral de Aposentações, no  âmbito do processo de convergência das fórmulas de cálculo de pensões da  CGA e da Segurança Social. 

Para Ana Avoila, a medida é ilegal, mas a característica de retroatividade  é a que merece maiores críticas. 

"As leis não são retroativas. Para tudo o que é para penalizar trabalhadores  não há retroatividade na lei. A partir daí, ela  1/8medida 3/8 é ilegal e inconstitucional",  afirmou. 

"Mais do que isso é o escândalo de pessoas que já têm pensões atribuídas,  irem agora fazer uma redução naquilo que lhe calcularam na altura só porque  o Governo precisa de arrecadar uns milhões", acrescentou. 

De acordo com a sindicalista, a Frente Comum dos Sindicatos da Função  vai entregar hoje a um constitucionalista o diploma da mobilidade e pretende  fazer o mesmo caso o Governo aprove o corte de pensões.