"Ao mesmo tempo que diz que não tem 'plano B', há umas vozes anónimas do Governo que vão dizendo às televisões: 'bem, se calhar vamos aumentar o IVA, se calhar são mais impostos'. Lá vem o papão e o Governo com a chantagem, sempre a chantagem, nunca uma alternativa", criticou Catarina Martins.
Ao discursar num almoço convívio realizado hoje em Portimão, a coordenadora do BE disse que "não é a Constituição portuguesa que tem qualquer problema" e que "o único problema do Governo é que não se dá bem com Estados de Direito e preferia a lei da selva".
"Mas em Portugal não vigora a lei da selva, nem Portugal é um país colonizado, nem é um protetorado de uma qualquer força internacional. É um estado de direito democrático e, portanto, tem uma Constituição, que tem que ser cumprida e não permite ao Governo o assalto que quer fazer", defendeu.
Catarina Martins, que partilha a coordenação nacional do BE com João Semedo, frisou que "o Governo sabe que, na sua receita, as contas nunca batem certo e a receita de lei da selva terá sempre a Constituição pela frente", pelo que "vai já encontrando bodes expiatórios e dizendo que para acabar o memorando da 'troika' não há 'plano B' e não há alternativa".
Para a dirigente nacional do BE, "não é o Tribunal Constitucional, o problema não é a Constituição, é mesmo o Governo, é mesmo a austeridade", que retira "legitimidade" a um executivo que "só conhece a chantagem".
Catarina Martins lembrou as manifestações das forças de segurança, as greves dos transportes ou da função pública, o corte de relações entre os reitores e o Ministério da Educação, as lutas contra as portagens, as concentrações de pais em frente às escolas a exigirem professores para os filhos, que disse serem o espelho de um "país que não se resigna".
"E agora a batalha é esta: derrotar o Orçamento do Estado para derrubar o Governo. E construir toda a alternativa sem austeridade, nem segundo resgate, nem programa cautelar, nem tratado orçamental. É um país que diz que 'assim não' e que a alternativa é renegociar a dívida, respeito por quem trabalha, solidariedade e dignidade. É assim que se constrói Portugal", afirmou a dirigente do BE.
Lusa