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Partidos vão continuar a refletir sobre protestos nas galerias do parlamento

Os partidos vão continuar a "reflexão" sobre  os recentes protestos nas galerias do público no Parlamento, incidentes  que a presidente da Assembleia da República considera "uma ofensa à democracia"  e que constituem um "crime público". 

MIGUEL A. LOPES

Segundo o porta-voz da conferência de líderes, o deputado do PSD Duarte  Pacheco, o assunto voltou ser abordado pelos grupos parlamentares e pela  presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, que reiterou a  tese de que as situações ocorridas são "uma ofensa à democracia" e que "sendo  um crime público nada impede as autoridades" de agirem. 

Fontes parlamentares revelaram também que Assunção Esteves está a elaborar  um estudo comparado para avaliar como é feito o acesso do público aos Parlamentos  dos outros países. 

Ainda a propósito da posição da presidente da Assembleia da República,  o porta-voz da conferência de líderes enfatizou que Assunção Esteves entende  que sendo "um crime público", a Assembleia da República não está obrigada  a apresentar qualquer tipo de queixa e que as autoridades, nomeadamente  o Ministério Público, podem atuar caso o entendam. 

Duarte Pacheco disse ainda que a interpretação da presidente da Assembleia  da República é "pacífica" e que os partidos anuíram em continuar a fazer  uma reflexão sobre o tema. 

Nenhum dos partidos, ainda de acordo com o porta-voz da conferência  de líderes, apresentou "formalmente" qualquer proposta. 

Em declarações à Lusa na terça-feira, PCP e BE defenderam que os recentes  protestos nas galerias do público no Parlamento merecem "compreensão" e  não justificam qualquer alteração ao atual modelo de acesso, enquanto o  PS propôs uma "reflexão". 

Em declarações à Agência Lusa, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe  Soares, disse compreender os recentes protestos nas galerias do hemiciclo  "à luz da atual situação social e económica". 

"Não considero que tenham atingido uma dimensão que justifique qualquer  restrição ou condicionamento no acesso" às galerias, defendeu o líder parlamentar  do BE, Pedro Filipe Soares, lembrando que "sempre houve protestos nas galerias".

Para o líder parlamentar do PCP, João Oliveira, as expressões consideradas  como ofensas por parte do Governo são "fruto do desespero das pessoas que  são atingidas pelas políticas" da maioria PSD/CDS-PP e é nesse âmbito que  "devem ser encaradas". 

"Se é para haver reflexão, então que se reflita em primeiro lugar sobre  as causas destas expressões", defendeu o líder parlamentar do PCP, considerando  que as atuais regras deverão manter-se porque "tem funcionado" e não se  justificam alterações. 

As bancadas do PSD e CDS-PP ainda não discutiram o assunto internamente,  não tendo por isso uma posição final sobre o tema. 

Pelo PS, o líder parlamentar já tinha proposto na última conferência  de líderes "uma reflexão" sobre a matéria, que deve ser feita "com cautela".

Na terça-feira, no último dia da discussão do Orçamento do Estado para  2014, o discurso da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, foi interrompido  por gritos de manifestantes que assistiam ao plenário nas galerias e que  reclamaram a "demissão" do Governo. 

No passado dia 1 de novembro, durante a apresentação do Orçamento do  Estado para 2014, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, tinha sido interrompido  por gritos de "assassinos" provenientes de manifestantes nas galerias da  Assembleia da República. 

"Assassinos/assassinos!", foi a palavra de ordem mais ouvida, por breves  minutos, até a presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves,  ordenar à polícia a evacuação das galerias. 

Os cerca de 20 manifestantes, que empunharam papéis a formar a palavra  "Rua" e outros cartazes - com a inscrição "carrascos do povo", por exemplo  -, gritaram ainda que "está na hora de o Governo se ir embora" e "fascistas!".

Lusa