País

Reitores querem reforçar capacidade de intervenção nas praxes 

Os reitores querem reforçar a sua capacidade de intervenção e desejam decisões "que tenham repercussões no próximo ano" relativamente às praxes, nomeadamente passar uma mensagem de acolhimento a caloiros diferente das atuais práticas nas universidades. 

(Lusa/ Arquivo)
PAULO NOVAIS

António Rendas, reitor da Universidade Nova e presidente do Conselho  de Reitores das Universidades Portuguesas (CRUP), falava aos jornalistas  no final de uma reunião que hoje este órgão universitário teve com o ministro  da Educação, Nuno Crato, e o secretário de Estado do Ensino Superior, José  Ferreira Gomes, para discutir questões como o financiamento do ensino superior  e as praxes. 

"Uma das questões que foi aqui discutida é que, no próximo ano letivo,  quando os caloiros entrarem, a nível nacional possa haver uma mensagem de  acolhimento que possa criar um espaço, agora ocupado por outras práticas  que não têm a ver com o verdadeiro acolhimento aos estudantes. Estamos empenhados  em que essa situação possa ser eficaz", disse António Rendas aos jornalistas.

Sublinhando que a situação das praxes "tem quer ser analisada" e que  já há instrumentos legais, como o Regulamento Jurídico das Instituições  do Ensino Superior, o presidente do CRUP frisou, no entanto, que o CRUP  gostaria de "reforçar o papel dos reitores" em relação a este assunto. 

Apesar de haver abertura para discutir propostas como a apresentada  pelas associações académicas de criar um Estatuto do Estudante Universitário  que puna, de forma homogénea em todas as universidades, as praxes violentas,  o presidente do CRUP ressalvou que a questão tem que ser analisada "num  contexto mais geral, que tenha em conta a legislação existente". 

Também o secretário de Estado do Ensino Superior referiu, no seguimento  das pretensões do CRUP para um reforço do papel dos reitores, a possibilidade  de ser elaborada "alguma orientação" a introduzir nas práticas das universidades  que dê "garantias de uma mais forte intervenção das instituições" a somar  às garantias legais já existentes. 

"O problema que se põe é o de garantir que os caloiros, quando chegam,  sabem que, em caso de haver um excesso, têm a quem recorrer", disse José  Ferreira Gomes. 

O Governo voltou a referir que o caminho não deverá passar pela proibição  das praxes nem por alterações legislativas, mas o secretário de Estado do  Ensino Superior admitiu haver trabalho a ser feito no sentido de tornar  mais eficazes os mecanismos de investigação da polícia e das instituições.

"Raramente em sociedade a proibição é o melhor método para resolver  os problemas sociais. Não houve nos últimos 10 anos nenhum caso apresentado  à IGEC, nenhuma denúncia. O que pretendemos é alertar todos os estudantes  para que, à mínima situação em que haja um excesso, possa ser apresentado  e possa ser investigado" disse Ferreira Gomes. 

"Não há melhor maneira de prevenir do que ser eficaz na investigação  dos casos", observou, acrescentando que o Governo quer "marcar bem o limite,  para caloiros e veteranos, de que há uma linha vermelha que não podem atravessar".