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Antigos trabalhadores do Metro e Carris protestaram contra corte do complemento de reforma

Cerca de 300 trabalhadores e reformados do Metropolitano de Lisboa e da Carris concentraram-se hoje no Largo de Camões,  em Lisboa, para protestar contra o corte do suplemento de reforma imposto  pelo Governo. 

MIGUEL A. LOPES

Os trabalhadores, na grande maioria reformados, exibiam faixas onde  se podia ler "pelo salário e trabalho com direitos", "contra o roubo do trabalho, dos salários e pensões" e "não nos cortem as reformas", entre  outros. 

Presente no plenário público, o secretário-geral da CGTP-IN considerou  que o corte dos complementos de reforma é inconstitucional e mais uma violação  da lei por parte do Governo. 

"A CGTP solicitou aos partidos da oposição e o PCP, o BE e os Verdes  já apresentaram, assim com o PS, um pedido de fiscalização sucessiva  1/8do  Orçamento do Estado 3/8 ao Tribunal Constitucional porque consideramos que  estamos perante mais uma flagrante violação da constituição", disse aos  jornalistas. 

Arménio Carlos defendeu, ainda, que o Governo não pode tomar decisões  com efeitos retroativos através do Orçamento do Estado (OE). 

"Querem cortar, cortem para a frente e não para trás", afirmou. 

Os conselhos de administração das empresas acordaram com os trabalhadores  que se reformaram antecipadamente que lhes pagariam um complemento de reforma  que estava previsto no Acordo de Empresa. 

O Governo decidiu cortar esses complementos, o que corresponde a cortes  entre os 40% e os 60% nas reformas dos funcionários. 

Para o sindicalista, os reformados do metro e da Carris "estão a ser  profundamente lesados" porque "uma matéria que está nos Acordos de Empresa  (AE), que foi negociada livremente e acordada quer pelos sindicatos quer  pelas administrações da Carris e do metro, que tem por único acionista o  Estado, foi violada". 

"Temos um Governo que, em vez de ser um exemplo nos acordos, é o primeiro  a violá-los", afirmou. 

Afirmando que o Executivo está a fazer "terrorismo psicológico" com  os reformados, Arménio Carlos considerou que, para manterem os seus rendimentos,  "só têm como alternativa apresentarem-se nas empresas e dizerem: nós temos  menos de 65 anos, queremos manter os rendimentos, estamos disponíveis para  trabalhar e queremos trabalhar". 

Por seu lado, Anabela Carvalheira, da Federação dos Sindicatos de Transportes  e Comunicações (FECTRANS) disse que exigem a "suspensão clara do artigo 75 do OE, aquele que pôs os reformados desde 01 de janeiro numa situação  calamitosa, muitos deles em exclusão social e muitos no hospital porque  não aguentaram a pressão". 

A sindicalista disse ainda que a FECTRANS está disponível para negociar um Fundo de Pensões contributivo com a administração do metro e da Carris,  mas apenas para os trabalhadores no ativo. 

 

 

Lusa