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Governo nega ligação entre Conselho de Ministros e europeias

O Governo nega que o Conselho de Ministros marcado para sábado tenha alguma relação com a campanha para as eleições europeias. Numa carta enviada à Comissão Nacional de Eleições, o Executivo explica que a data foi escolhida porque o programa de resgate cumpre três anos. O Governo nega, assim, "qualquer critério de oportunidade política" no processo e argumenta que "não pode, nem deve, demitir-se de exercer a função de governar" durante o período em causa.

(Lusa/Arquivo)
TIAGO PETINGA

Em carta enviada à Comissão Nacional de Eleições (CNE), o Governo explica  que "a escolha do dia 17 de maio para a realização de um Conselho de Ministros  não decorre da adoção de qualquer critério de oportunidade política mas  antes do simples facto de o Programa de Assistência económica e Financeira  a Portugal ter a duração de três anos". 

A explicação foi pedida pela Comissão Nacional de Eleições depois de  a CDU ter apresentado, na segunda-feira, um protesto contra a realização  do Conselho de Ministros em plena campanha eleitoral para as europeias de  25 de maio. 

Um protesto que surgiu poucas horas depois de a CNE ter admitido ter  dúvidas sobre a possibilidade de essa reunião de ministros para apresentação  da estratégia futura poder violar a regra de imparcialidade das entidades  públicas durante as campanhas eleitorais. 

Na carta a que a agência Lusa teve hoje acesso, o primeiro-ministro  alega que "o Governo não pode, nem deve, demitir-se de exercer a sua função  de governar" durante o período em causa, sublinhando que isso se traduziria  "em evidente violação das obrigações constitucionais" e "em óbvio e grave  prejuízo para o interesse público". 

A garantia de imparcialidade é ainda provada, segundo o Governo, pelo  facto de, "desde a data da marcação das eleições -- dia 21 de março --,  o Conselho de Ministro  [ter já reunido] por sete vezes, ordinariamente,  e por mais três vezes de forma extraordinária", o que decorreu "em total  normalidade". 

Algumas dessas reuniões serviram, aliás, para aprovar e divulgar "quer  as medidas de substituição das que temporariamente afetaram salários e pensões,  quer o 'Documento de Estratégia Orçamental' para os anos de 2015 a 2018",  lembra. 

Por isso, reclama o Governo na mesma carta, "o protesto formulado pela  CDU" é "uma mera estratégia eleitoral de criação de incidentes". 

O primeiro-ministro mostra-se ainda surpreendido pelo protesto da CDU  já que este partido "há três dias (...) instava veementemente o Governo  a publicitar a Carta de Intenções sobre políticas públicas". 

No protesto enviado à CNE, a coligação CDU/Os Verdes refere que a reunião  anunciada "exorbita" as funções da atividade regular imposta por lei aos  órgãos de poder, além de ser uma "violação grosseira do princípio de imparcialidade  a que o Governo está vinculado". 

O BE também anunciou na segunda-feira que iria avançar com uma queixa  para a Comissão Nacional de Eleições sobre o Conselho de Ministros marcado  para sábado. 

Com Lusa