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Passos recusa repto de Seguro para pagar subsídio de Natal sem cortes

O primeiro-ministro recusou hoje o repto do secretário-geral do PS para que o Governo pague sem cortes o subsídio de Natal aos trabalhadores da administração pública, utilizando uma alegada folga orçamental de 900 milhões de euros.

TIAGO PETINGA

António José Seguro fez este desafio a Pedro Passos Coelho no debate  quinzenal, no parlamento, numa intervenção em que acusou o Governo de estar  envolvido "numa novela de afronta ao Tribunal Constitucional". 

O líder socialista citou a Unidade Técnica de Apoio Orçamental (UTAO)  para apontar que há uma folga orçamental na ordem dos 900 milhões de euros  (500 milhões na dotação provisional e 400 milhões nas reservas dos serviços),  mas o líder do executivo respondeu negativamente: "Enquanto houver folga  e dívida elevada em Portugal, não há folga". 

Na sua intervenção, o secretário-geral do PS insistiu na tese de que  é o Governo "quem merece censura e não o Tribunal Constitucional", porque,  desde que se encontra em funções, já apresentou três orçamentos com medidas  contrárias à lei fundamental. 

Seguro criticou também recentes declarações "imprudentes" e "injustas"  do ministro Poiares Maduro, colocando em causa a possibilidade de o executivo  não repor o subsídio de férias sem cortes aos trabalhadores do setor público  que já o receberam. 

"Mas há outra injustiça, porque o Governo decidiu pagar o subsídio de  natal por duodécimos e, por causa dessa decisão, significa que os trabalhadores  vão ficar privados do pagamento  1/8sem cortes 3/8 de cinco doze avos desse subsídio.  É certo que do ponto de vista jurídico não há uma obrigatoriedade no sentido  de o Governo devolver esses cortes, mas dos pontos de vista político e moral  há todas as razões", sustentou o secretário-geral do PS. 

Pedro Passos Coelho, na resposta, classificou como confusa e contraditória  a exigência do secretário-geral do PS, alegando que um porta-voz da direção  socialista já disse publicamente que não é possível repor os cortes salariais  de uma só vez no próximo ano. 

"Mas o mesmo PS suscitou a inconstitucionalidade dos cortes salariais"  no setor público, frisou o primeiro-ministro, antes de acusar os socialistas  de encararem a Constituição de uma forma quando estão no Governo e de outra  forma distinta quando se encontram na oposição. 

Para recusar a proposta de Seguro no sentido de se repor na íntegra  o pagamento dos subsídios de natal, Pedro Passos Coelho invocou ainda o  próprio teor do acórdão do Tribunal Constitucional, que "não obriga a retroagir  a 1 de janeiro deste ano". 

"O PS prescinde de poupanças do lado da despesa, prescinde de qualquer  aumento de impostos e parece fazer de conta que o problema não existe, que  os socialistas não o criaram e que o país pode viver com uma situação nem  é preciso reduzir a despesa nem aumentar a receita. Mas esse milagre socialista  tem de ser explicado pela sua voz", declarou Passos Coelho, dirigindo-se  a António José Seguro.

Lusa

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