Diretores demissionários do Amadora-Sintra queixam-se de "degradação dos serviços"
O Conselho de Administração do Hospital Amadora-Sintra reuniu-se esta manhã com os 28 diretores de serviço que se demitiram em bloco de forma a encontrar um novo diretor clínico. Na carta enviada ao ministro da Saúde e à Ordem dos Médicos, o grupo demissionário diz que as condições de trabalho são insustentáveis.
Arquivo SIC
Na carta conjunta, os 28 diretores de serviço justificam a demissão em bloco com a degradação das condições de trabalho nos últimos dois anos. Como exemplo dão a redução do número de médicos, a falta de condições de trabalho e o aumento dos tempos de espera.
No documento enviado no passado dia 11 ao conselho de administração, ao ministro da Saúde e ao bastonário da Ordem dos Médicos, os clínicos apontam a "progressiva degradação da capacidade de resposta às adversidades e uma diminuição preocupante da qualidade assistencial".
Alegam ainda a "saída preocupante de recursos humanos qualificados que não foram substituídos, (...) a incapacidade de contratação de profissionais de várias áreas clínicas, (...) a ausência de resposta em especialidades fundamentais (...), e os problemas do Serviço de Urgência."
Face a estas questões, os diretores de serviço demissionários criticam duramente o desempenho do diretor clínico que entretanto também apresentou a demissão.
Na carta pode ler-se que "a Administração e a Direção Clínica não têm conseguido defender os interesses da instituição e das populações que esta serve" e que "a Direcção Clínica revelou uma total incapacidade em assumir o papel que deveria ter como interlocutor entre a administração e o corpo clínico".
O grupo aponta, entre outros aspectos, a falta de estratégia na gestão do hospital e o desrespeito permanente das hierarquias dos serviços.
O bastonário da Ordem dos Médicos, admite que o Amadora Sintra tem graves problemas de gestão, que o Ministério da Saúde sabia disso há muito tempo e a substituição da administração e da direcção clínica já deveria ter acontecido.
Já o presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo fala numa pseudo-crise. Admite que falta espaço para acolher doentes em internamento no hospital mas rejeita a falta de clínicos.
Cunha Ribeiro diz que não há degradação do serviço e que o entendimento entre os clínicos demissionários e o Conselho de Administração ainda é possível.