"Do nosso ponto de vista estes dados de desemprego são dados que demonstram uma realidade parcial", afirmou Pedro Filipe Soares em declarações à agência Lusa, acrescentando que "quem vem hoje dizer, como diz o Governo, que estes números são históricos, fá-lo com um enorme cinismo".
A taxa de desemprego fixou-se nos 11,9% de abril a junho, menos 1,8 pontos percentuais do que no trimestre anterior e 2,0 pontos percentuais abaixo do trimestre homólogo de 2014, segundo estimativas hoje divulgadas pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
O líder parlamentar do BE justificou a "realidade parcial" dos números por não incluírem "muitos daqueles que emigraram, muitos daqueles que estão em estágios, em contrato de emprego de inserção, que ficaram desmotivados e por isso que perderam a ligação ao centro de emprego, ou aqueles que estão em ações de formação".
"E quando nós olhamos para os dados do emprego, e por isso dos números de postos de trabalho existentes no nosso país, vemos que em quatro anos decaiu cerca de 219 mil postos de trabalho, o que significa que este Governo foi responsável por essa destruição, quase 150 postos de trabalho destruídos por dia", sublinhou.
O coordenador bloquista acusou ainda o Governo de nunca ter "valorizado a criação de emprego" e de ter sido o executivo "que mais destruiu postos de trabalho ao longo da democracia, e que desvalorizou o apoio social aos trabalhadores porque cortou no subsídio de desemprego".
Quanto à emigração, fenómeno que o porta-voz do PSD, Marco António Costa, localizou antes da governação da maioria PSD/CDS-PP, o líder bloquista considerou que "mesmo no Governo de José Sócrates a emigração já existia, porque a taxa de desemprego já era elevada" mas "nunca como nestes quatro anos" se registou "uma tão elevada taxa de emigração".
"Eu creio que o Governo tenta aliviar a sua consciência chamando maus exemplos de outros para aqui comparar consigo próprio, agora o que nós não deveremos aceitar é que se normalize esta emigração e as responsabilidades que o Governo teve nesta realidade", declarou o deputado do BE.
Pedro Filipe Soares defendeu ainda que a emigração "é o resultado de uma escolha deliberada de quem colocou a política de austeridade à frente das necessidades das pessoas e da necessidade de reconstruir a economia do país".
Lusa