Cem quilómetros separam agora as buscas do epicentro dos crimes. Se mais andou o fugitivo durante estes oito dias só ele poderá contá-lo.
Na madrugada de dia 11 de outubro, terá assassinado à queima roupa um militar da GNR e um civil, ferindo outras duas vítimas com gravidade.
A reconstituição dos crimes começa num local ermo. Um hotel em construção, na zona industrial de Aguiar da Beira. Seriam 3:30 da manhã quando dois militares da GNR que circulavam num carro patrulha surpreenderam Pedro Dias no local.
Citado pela imprensa, o militar sobrevivente contou que viu Pedro Dias a balear o colega na cabeça no momento em que procediam à identificação do suspeito. De seguida terá obrigado o militar a colocar o colega atingido no porta-bagagens do carro patrulha.
O suspeito deixou o carro no local e seguiu no da GNR, com o militar morto na bagageira e o colega manietado no banco do passageiro.
Passaram-se cerca de quatro horas sem que se perceba o que aconteceu e por onde andou o alegado homicída com a vítima.
Eram 7:30 quando a cinco quilómetros do local do crime, na quinta das Lameiras, Pedro Dias abandonou o carro patrulha. Antes terá disparado sobre o militar sobrevivente, cujo corpo foi abandonado junto à estrada.
Na mesma Nacional 229, que liga Aguiar da Beira a Sátão, terá obrigado Luís e Liliana Pinto a parar a viatura onde seguiam. O casal de Trancoso tinha à espera uma consulta em Coimbra, onde nunca chegou. Foram ambos atingidos. O homem teve morte imediata. A mulher, baleada na cabeça, ficou em estado crítico. A tudo isto terá assistido o militar sobrevivente, que, depois de recuperar os sentidos, pediu ajuda na casa de um colega da GNR.
Pelo sistema de GPS de detecção de viaturas, a guarda apercebeu-se que o carro estava parado há demasiado tempo no mesmo local.
As autoridades souberam desde cedo quem procuravam. Um documento identificativo de Pedro Dias foi encontrado dentro do carro da GNR.
Sabe-se que Pedro Dias regressou ao hotel em construção horas mais tarde para deixar a viatura roubada ao casal de Trancoso.
Já no seu carro, seguiu para Fornos de Algodres onde terá trocado a viatura por uma carrinha de caixa aberta de uma amiga.
Duzentos militares da GNR montavam o cerco às aldeias de Candal e Póvoa das Leiras, na serra da Arada e junto ao rio Paivô, locais onde o suspeito foi avistado.
Da carrinha, livrou-se dela ainda na terça-feira da semana passada. Deixou-a na Póvoa das Leiras, uma povoação de S. Pedro do Sul a 20 quilómetros de Arouca. Cidade onde cresceu Pedro Dias e onde vive a família.
Enquanto os militares batiam a zona, a Judiciária levava a cabo várias buscas na casa da família de Pedro Dias em Arouca. Procuraram tudo o que ajudasse a conhecer o homem, de 44 anos, pai de duas meninas, cidadão português com passaporte sul-africano, conhecido em Arouca pelas caçadas.
Pedro Dias volta a ser visto em Arouca no domingo e dessa vez deixa marcas. Esconde-se numa casa desabitada de Moldes. A filha da proprietária vai ao local e acaba por ser agredida, assim como um vizinho que a socorreu. São ambos amarrados. Pedro Dias acaba por fugir na carinha do homem, uma Opel Astra branca, que vem a ser encontrada no dia seguinte, a 100 quilómetros de distância, na localidade de Carro Queimado, já em Vila Real.
Foi visto na aldeia de Assento esta terça-feira.