Quatro semanas farão a diferença que continua a levar portuguesas a procurar clínicas espanholas para interromper voluntariamente uma gravidez. Dados divulgados pelo Jornal de Notícias, por ano atravessam a fronteira com este propósito entre 400 a 500 mulheres, segundo a associação espanhola de clínicas acreditadas para praticar a interrupção voluntária da gravidez. É o equivalente a cerca de 3% do total de abortos feitos em 2015 em Portugal.
O enquadramento legal para a interrupção voluntária da gravidez (IVG) é diferente nos dois países. Em Espanha, o prazo é mais alargado e o limite são as 14 semanas. Em Portugal, o aborto a pedido da mulher só é viável ate às 10 semanas de gestação, desde o referendo de 2007.
O diretor executivo da Associação para o Planeamento da Família, Duarte Vilar, propõe a alteração da da lei em Portugal porque se trata de "um período curto" e permitir a IVG até às 14 semanas.
Admite-se que ainda há desconhecimento sobre a matéria e que, por isso, o prazo é, nalguns casos, ultrapassado. A dificuldade em tomar a decisão também é, por vezes, o grande obstáculo, daí haver quem sublinhe o exemplo de França que a despenalização foi inicialmente aprovada apenas até às 10 semanas e depois corrigida e alargada para as 14 semanas.