A petição para salvar o Liceu Alexandre Herculano circulava na internet há muito tempo. O histórico liceu do Porto precisava de obras, estava literalmente a cair e não tinha condições para funcionar. A Câmara do Porto já tinha tentado, em setembro, negociar com o Governo a sua participação na reabilitação do histórico Liceu, mas as duas entidades ainda não teriam chegado a acordo. Hoje choveu e a escola encerrou. O momento da saída dos alunos foi relatado assim por um aluno no twitter:
A profunda degradação da escola não é uma novidade para o ministério da Educação ou para a classe política em geral. No último ano foram muitos os alertas de políticos, sobretudo do Porto. Em dezembro, por exemplo, Catarina Martins relatou assim uma visita à escola no seu Facebook: "Consequências de décadas sem as necessárias obras. Situação que se mantém e agrava. Conversámos hoje com jovens que gostam da sua escola e que exigem o direito básico a uma escola sem infiltrações, baldes para apanhar a água, frio. A solução pode estar num protocolo por assinar entre governo e autarquia para aproveitar fundos europeus. O atraso não é admissível. Esperaram já demais."
Em maio do ano passado, José Pacheco Pereira, antigo aluno do Liceu, escreveu sobre o assunto: "Circula na Internet uma petição com título de “Não deixem cair o Alexandre!”. Tem um ponto de exclamação no fim, e bem merecido é. O Liceu Alexandre Herculano foi o “meu” Liceu e como muitos outros que por lá passaram, foi ali que fomos “feitos”. O conhecimento do estado lamentável em que se encontra, com tectos a cair, ratos a passear por todo o lado, chuva nas salas e uma deterioração acentuada de todo o edifício, exige urgência e muita urgência. Por isso, esta é a minha maneira de assinar a petição".
Pacheco lembrava a importância do Alexandre Herculano: "é um edifício classificado, obra de um dos arquitectos mais importantes da época, Marques da Silva, e vai fazer 100 anos. Foi pensado como um liceu modelo, com fachadas com dísticos, inscrições, e molduras em pedra, colunas no interior, grandes corredores e janelas e tudo aquilo que não era comum encontrar a não ser nos grandes liceus “centrais”. Tinha vários recreios, piscina, auditórios, laboratórios, um museu, biblioteca, ginásios e um refeitório. Foi tudo feito com granito, mármore, madeiras, cada detalhe estudado e realizado, seja a ombreira de uma porta, seja um corrimão, e tinha enormes espaços e era banhado por toda a luz nas suas enormes janelas nas salas de aula e nos corredores. Foi feito para durar, mas, como todas as coisas, ameaça não durar. Foi caro de fazer, caro de manter e hoje, após anos de incúria, ainda mais caro de recuperar".
Dois meses antes, em março de 2016, a SIC já tinha ido à escola com o Sindicato da Construção de Portugal. O resultado da visita foi este, exibido nesse mesmo dia no Primeiro Jornal.
Dez meses depois sabemos o que aconteceu. A escola fechou porque choveu um pouco mais que o habitual. Nada que não se estivesse à espera e que, pura e simplesmente decorre da falta de obras por parte do Ministério da Educação. Dez meses depois da primeira visita, este foi o direto que a SIC fez hoje no Primeiro Jornal no dia em que a escola encerrou.
