Para proporcionar "ajuda significativa para colmatar os desastrosos prejuízos" provocados pelos incêndios florestais e para promover a prevenção de fogos, em comunicado, a CNA reclama um conjunto de medidas.
"Que Governo português e a União Europeia mobilizem, sem mais demoras, o Fundo Europeu de Solidariedade" é o primeiro pedido, já que são necessárias todas as ajudas possíveis "e a burocracia de Bruxelas não deve travá-las".
Para a CNA, o Ministério da Agricultura deve criar e administrar parques de receção e comercialização de madeiras retiradas dos incêndios nos concelhos mais atingidos pelo fogo, garantindo aos produtores florestais afetados "um preço mínimo e razoável".
A tarefa do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) é, segundo a organização de agricultores, a intervenção no processo de reflorestação das áreas ardidas para impedir que "voltem a ser instalados, em contínuo no terreno, em modo de produção industrial e intensivo, milhares e milhares de hectares seguidos com eucalipto e até com pinhal".
O objetivo é "impedir a reocupação de vastíssimas áreas com espécies altamente comburentes, de crescimento rápido", insiste, defendendo o aumento, embora modulado, do apoio público ao investimento na reflorestação das áreas ardidas com espécies autóctones.
A CNA recorda alertas anteriores contra os incêndios, relacionados com a falta de proteção da floresta, que continua "desprotegida e desordenada, pronta para arder" e para ser atacada por doenças e pragas, assim como a ausência de "prevenção efetiva" de fogos e de um correto ordenamento florestal.
"Com tamanha negligência oficial, governo atrás de governo, são anos e anos seguidos com políticas agroflorestais verdadeiramente 'incendiárias'", critica a CNA.
"A prevenção de incêndios florestais e o reforço dos serviços públicos vocacionados para a floresta devem ter toda a prioridade nas políticas oficiais" para este setor, o que significa um "reforço significativo" das dotações em Orçamento do Estado.
A CNA também se refere à seca severa e extrema registada em várias regiões do país, que já prejudica os agricultores, principalmente nas pastagens, frutas e hortícolas e cereais.
E reclama do ministério liderado por Luís Capoulas Santos medidas excecionais de apoio, além das ajudas "rotineiras e insuficientes" faladas, como reembolso aos agricultores sobre os custos com a eletricidade, a isenção (temporária) do pagamento da taxa dos recursos hídricos e o apoio financeiro ou em "géneros" à alimentação animal.
Mas, a CNA discorda do corte de alguns apoios antes atribuídos, por exemplo, à produção leiteira, para deslocar verbas.
Os incêndios de junho iniciados em Pedrógão Grande provocaram 64 mortos e mais de 200 feridos, consumiram mais de 53 mil hectares, e deram origem a várias ações de solidariedade para as pessoas que foram afetadas pelo fogo, perdendo casas e meios de subsistência.
Com as temperaturas elevadas dos últimos dias, voltaram os incêndios de maiores proporções, como o de Mangualde e Alijó, no fim de semana, que obrigaram à retirada de habitantes e ao corte de estradas.
Lusa