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Vouzela: A resposta necessária

"A força de um povo, creio, poderá medir-se pela sua solidariedade. Em Vouzela encontrei gente de todo o país, pronta a ajudar. Gente que ali chegou e permaneceu a ajudar, a dar o seu tempo e a perpetuar a sua generosidade". Professor e fotógrafo freelance, Rúben Neves esteve recentemente num dos locais afetados pelos incêndios de 15 de outubro. Este é o seu testemunho.

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Nos diversos pavilhões cedidos pelo município fazia-se a escolha e a seleção necessária para depois entregar a quem mais precisava. Dos sacos que chegavam a um ritmo alucinante passava-se à triagem natural, depois à divisão por idades e género, a tamanhos e cores. Uma autêntica fábrica de prestação de primeiras necessidades. Desde roupa a brinquedos, passando por mantas, frigoríficos e artigos de higiene, tudo chegou a Vouzela.

Todas as pessoas, dos 18 aos 80 anos estavam ali com uma função. Escolhiam, selecionavam, dobravam e empacotavam para poder voltar a seguir caminho.

Em poucos dias chegou-se ao limite do que era necessário. Rapidamente se afinou a estratégia dos pedidos à comunidade. A comida que agora está a chegar é para os animais que procuram, desesperadamente, uma fonte de energia.

Moradores, vereadores, presidente, todos juntos formaram um conjunto de voluntários que, sem horários a limitar as suas ações, procuram ainda dar resposta a todas as necessidades que vão sendo identificadas.

Um novo rumo procura Vouzela, três semanas depois do maior incêndio que afectou a região e que ainda deixa, ao passar pela serra, sentir o cheiro e ver o fumegar da terra como se tivesse sido ontem.