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Substituiria o seu café por bolotas?

Investigadores da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (FFUP) desenvolveram um produto à base de bolotas para substituir o café, de forma a evitar os efeitos negativos que esta bebida pode ter nos consumidores.

Substituiria o seu café por bolotas?
Jorge Silva

Lusa Diana Pinto, investigadora da FFUP e uma das responsáveis pelo projeto, disse à Lusa:

"O café é uma das bebidas mais apreciadas e consumidas em todo o mundo. Contudo, a presença de cafeína pode causar alguns efeitos negativos nos consumidores"

Quando consumido em doses elevadas, continuou, o café pode originar ou aumentar sintomas como taquicardia, palpitações, insónias, ansiedade, tremores e dores de cabeça. Segundo a investigadora, esses efeitos indesejáveis verificam-se igualmente em indivíduos mais sensíveis à cafeína, mesmo que não consumam elevadas quantidades de café:

"Certos consumidores com distúrbios gástricos, anemia por deficiência de ferro, hipertensos ou em situações de 'stress' podem apresentar sensibilidade aumentada ao café"

Para ultrapassar esta questão, contou a investigadora, torna-se necessário procurar alternativas para o desenvolvimento sustentável de substitutos do café, onde se incluem produtos alimentares sem valor comercial.

Bolotas.
Vasily Fedosenko

Neste projeto, a equipa usou as sementes de 'Quercus cerris', conhecidas por bolotas e consideradas um recurso com baixo impacto na alimentação humana, para desenvolver uma bebida que pode ser um substituto do café tradicional.

Utilizando as sementes, a equipa criou um pó, com um sabor menos intenso do que o do café, que tem que ser disperso em água e filtrado antes de consumido, à semelhança do que acontece com o café em pó ou com os seus substitutos.

De acordo com Diana Pinto, estas sementes são ricas em compostos antioxidantes, como polifenóis e vitamina E, e têm uma elevada captação de espécies reativas de oxigénio e de azoto. Além disso, não apresentam toxicidade para as células intestinais. Os próximos passos do projeto passam pela identificação e quantificação dos compostos bioativos presentes na constituição da bebida desenvolvida e pela análise sensorial do produto.

Participam no projeto os investigadores da FFUP Santiago Diaz Franco, Anabela Costa, Sónia Soares, Francisca Rodrigues e Maria Beatriz Oliveira, também membros do REQUIMTE, LAQV/Departamento de Ciências Químicas, e Snezana Cupara, Marijana Koskovac e Ksenija Kojicic, da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Kragujevac (Sérvia).

Lusa