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Equipa de Xavier Viegas vai fazer relatório sobre fogos de outubro, mas falta aval do Governo

A equipa do investigador Domingos Xavier Viegas vai elaborar um relatório sobre os incêndios de outubro de 2017, estando já a trabalhar no terreno apesar de faltar a adjudicação formal por parte do Governo.

Equipa de Xavier Viegas vai fazer relatório sobre fogos de outubro, mas falta aval do Governo

No final de uma audição na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, que decorreu à porta fechada, Domingos Xavier Viegas disse aos jornalistas que a sua equipa já está no terreno a investigar os fogos que deflagraram a 15 de outubro de 2017.

"O primeiro-ministro solicitou, desde cedo, um relatório formal e estamos em contacto com o gabinete do ministro da Administração Interna no sentido de ser formalizada essa adjudicação. São questões meramente burocráticas de autorização interna dentro da secretaria de Estado para que o processo possa avançar", disse Xavier Viegas, que lidera a equipa do Centro de Estudos Sobre Incêndios Florestais da Universidade de Coimbra.

Apesar de a equipa já estar no terreno a investigar, Xavier Viegas adiantou que o trabalho não é feito "com a mesma intensidade" do que com um mandato dado pelo Governo, que vai permitir falar com instituições e entidades.

O investigador, que também fez um relatório, pedido pelo Governo, ao incêndio de Pedrógão Grande, referiu que o fogo de 15 de outubro é "bem mais complexo", "muito maior", com mais ocorrências e "muito mais distribuído", além dos próprios acidentes pessoais terem sido "mais complexos".

Nesse sentido, a equipa da Universidade de Coimbra pediu "um prazo mais alargado" de oito meses, enquanto o relatório de Pedrógão Grande foi feito em cerca de três meses.

Xavier Viegas esteve hoje no parlamento, numa audição pedida pelo CDS-PP, para falar sobre o relatório "O Complexo de Incêndios de Pedrógão Grande e Concelhos Limítrofes".

No final da audição, o deputado do CDS-PP Telmo Correia disse aos jornalistas que "é muito importante que este trabalho seja feito também em outubro", mas considerou estranhou que "tantos meses depois" o Governo ainda não tenha resolvido esta matéria e conferido um mandato à equipa de Xavier Viegas.

O dia 15 de outubro foi o pior de 2017 em número de fogos, com mais de 500, tendo as chamas atingido particularmente 27 concelhos da região Centro, sobretudo nos distritos de Viseu, Guarda, Castelo Branco, Aveiro e Leiria.

Na madrugada de 16 de outubro morreram 45 pessoas e cerca de 70 ficaram feridas devido às centenas de incêndios, que destruíram total ou parcialmente cerca de 800 habitações permanentes, quase 500 empresas e extensas áreas de floresta, estando ainda por apurar o valor global dos prejuízos.

Lusa