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Hoteleiros e restaurantes dizem que plástico é "falso problema" desde que seja todo reciclado

O secretário-geral da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) considera que o plástico "é um falso problema", desde que seja todo reencaminhado para reciclagem, representando até uma oportunidade para afirmar Portugal como um destino mais sustentável.

Hoteleiros e restaurantes dizem que plástico é "falso problema" desde que seja todo reciclado
Christophe Ena

"O plástico é um falso problema, felizmente não é um problema, até é uma oportunidade excelente para o grande objetivo da AHRESP [Notes:que] é fazer de Portugal o destino turístico mais sustentável perante toda a concorrência", defendeu José Manuel Esteves, em declarações à agência Lusa.


O responsável da AHRESP salientou que "o plástico não é o mínimo problema desde que seja todo reencaminhado para reutilização, tem é de ser seletivamente triado, a montante, não pode ir para os aterros e deve entrar no circuito da reciclagem", o que consubstancia a economia circular.


"Não é problema, antes pelo contrário, pode ser um excelente exemplo de reutilização", na opinião de José Manuel Esteves que defendeu a aposta em novas soluções tecnológicas, através da ciência.


Para o secretário-geral da AHRESP, o canal Horeca, que reúne hotelaria, restauração e cafés, "nem sequer consome metade dos plásticos nacionais", sendo nos lares dos portugueses que "é consumida a maioria".


José Manuel Esteves referiu a "grande responsabilidade dos municípios e sistemas intermunicipais que fazem a recolha e o tratamento dos resíduos [Notes:e que] têm que assumir o papel da sensibilização" dos consumidores.


Do grupo de trabalho criado pelo Ministério do Ambiente para apresentar propostas que enfrentem a questão da poluição pelos plásticos, José Manuel Esteves espera que venha a "permitir que os estabelecimentos, onde vão todos os portugueses e turistas, sejam também promotores das boas práticas ambientais, criando incentivos, cultura e motivações para que o cidadão por si seja um amigo do ambiente".


"É preciso diagnosticar com clareza quem deita o plástico no oceano e são os cidadãos que utilizam os oceanos ou as beiras dos oceanos", afirmou.


Questionado acerca da utilização de chávenas ou copos de plástico nos cafés, disse que a restauração de serviço rápido, mais associada ao uso daquele material, "significa um dígito percentual da oferta nacional, a maioria esmagadora não é isso".


"Inverte-se a tendência garantindo que todo esse plástico seja bem utilizado e, depois de usado, vai para reutilização a 100%, tem é de haver novas culturas para que todos esses utensílios sejam amigos do ambiente", especificou ainda o secretário-geral da AHRESP, alertando que todos os custos que resultem daquele processo "serão pagos pelo cliente".


Recordou que, há 20 anos, a AHRESP lançou o projeto Verdoreca para promoção da reciclagem das garrafas de plástico junto dos associados, iniciativa que resultou "muito bem", mas terminou no final de 2017.


"Estamos a trabalhar com o Governo para alargar o sistema rapidamente a todo o tipo de materiais poluidores não reutilizáveis", avançou.


Também o código de boas práticas ambientais, publicado pela associação há oito anos, deverá ser reeditado, passando a ser mais abrangente, ao incluir óleos alimentares usados, energia ou resíduos alimentares.


A agência Lusa contactou a Associação das Empresas de Distribuição (APED), outro dos setores com relevância no objetivo de reduzir o consumo de plásticos, apontado pelo Governo e por várias entidades políticas e ambientalistas, mas respondeu que não era o momento oportuno para se pronunciar.

Lusa