Ciclone Idai

Cruz Vermelha Portuguesa tem toneladas de alimentos prontos a ser enviados para Moçambique

Foi emitido um alerta para as reservas de alimentos de longa duração serem recolhidas no caso de ser organizado um voo humanitário para Moçambique.

Cruz Vermelha Portuguesa tem toneladas de alimentos prontos a ser enviados para Moçambique
ANDRÉ CATUEIRA

A Cruz Vermelha Portuguesa (CVP) identificou centenas de alimentos de longa duração nos armazéns da instituição espalhados pelo país destinados à cidade da Beira, em Moçambique, atingida pelo ciclone Idai, aguardando um avião especial para esse fim.


Em declarações à agência Lusa, o presidente da CVP, Francisco George, adiantou que foi emitido um alerta a nível nacional para as reservas de alimentos de longa duração (conservas) para serem recolhidos no caso de ser organizado um voo humanitário para Moçambique.

O ciclone Idai, com fortes chuvas e ventos de até 170 quilómetros por hora atingiu a cidade da Beira, a quarta maior cidade de Moçambique, na quinta-feira à noite, causando dezenas de mortos e desaparecidos e deixando os cerca de 500 mil residentes sem energia e linhas de comunicação.

Francisco George adiantou à Lusa que a CVP abriu já uma conta solidária com cinco mil euros (provenientes de um fundo de emergência da CVP), podendo os portugueses que assim o entenderem contribuir.

"Faço um apelo a todos os portugueses para que transfiram os montantes que entenderem. Podem fazer o donativo através do multibanco, na função pagamentos e serviços, marcando a entidade 20999 e a referência 999 999 999", disse.

O presidente da CVP garantiu que será ele próprio [Notes:Francisco George] a gerir o montante doado e destinado a Moçambique através do Comité Internacional da Cruz Vermelha.

"Eu, como presidente nacional da CVP, não ignoro o clima que se instalou em Portugal em termos de desconfiança e de dúvidas em relação às ajudas humanitárias, a um clima que tem existido e que é prejudicial a este tipo de movimento humanitário e à atividade humanitária, mas sublinho que diretamente sou responsável pela gestão desta conta e de entregar o montante conseguido diretamente ao Comité Internacional da Cruz Vermelha na Suíça", garantiu.

No entendimento de Francisco George, "todos temos o dever de apoiar as populações da cidade da Beira porque há uma afinidade histórica, secular.

"Há muitos portugueses na Beira. Não podemos ignorar esta tragédia que os moçambicanos estão a viver", disse.

Francisco George adiantou também à Lusa que a CVP já enviou para Moçambique uma especialista em laços familiares para participar nas operações com equipamentos muito modernos, via satélite, para apoiar as autoridades a juntar famílias.

"É uma situação de tragédia imensa, agravada pelas inundações. As famílias estão separadas, há muitos desaparecidos e é preciso juntar novamente os núcleos familiares que estão dispersos. Há também risco de problemas epidémicos como a cólera devido às inundações, à falta de higiene, de infraestruturas básicas", salientou.

Sobre a forma como Portugal e os portugueses podem ajudar os moçambicanos, Francisco George disse que "no momento", o importante é fazer chegar água, alimentos medicamentos.

"Atendendo a que a Beira é uma cidade portuária, é possível fazer chegar água potável em quantidade necessária para assegurar a higiene e a potabilidade no imediato, mas também por via área. O essencial agora é que as autoridades moçambicanas indiquem as necessidades prementes e fazê-las chegar à cidade", concluiu.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, Maláui e Zimbabué provocou pelo menos 222 mortos, segundo balanços provisórios divulgados pelos respetivos governos na segunda-feira.
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram afetadas pela tempestade naqueles três países africanos.

O Presidente moçambicano, Filipe Nyusi, disse que o ciclone poderá ter provocado mais de mil mortos em Moçambique, estando confirmados atualmente 84.

Na segunda-feira, o Governo português divulgou que "até agora não há registo de cidadãos portugueses mortos, feridos ou em situação de perigo" devido à passagem do ciclone Idai em Moçambique, mas "várias dezenas perderam casas e bens".

Lusa