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Defesa de Berardo avalia coleção de arte em 1,3 mil milhões de euros

Em abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros.

Defesa de Berardo avalia coleção de arte em 1,3 mil milhões de euros
Tiago Petinga/Lusa

A Associação Coleção Berardo (ACB), fundada pelo empresário José Berardo, avalia a coleção patente no Centro Cultural de Belém (CCB) em cerca de 1,3 mil milhões de euros, de acordo com a sua defesa ao arresto das obras.

Em 16 de setembro, a Lusa tinha noticiado que a ACB iria contestar, em 23 de setembro, o arresto de cerca de 2.200 peças, disse à agência Lusa fonte próxima do colecionador.

Segundo o documento de contestação a que a Lusa teve acesso e noticiado hoje pelo Jornal Económico, a defesa do arresto às obras de arte da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea - Coleção Berardo, no CCB, mune-se de uma entrevista dada pelo historiador de arte Bernardo Pinto de Almeida, em maio, ao Correio da Manhã, na qual afirmou que as obras de arte podem valer, hoje, "talvez o dobro".

Tendo como base a avaliação feita pela Gary Nader em 2009, de 571 milhões de euros, a defesa de Berardo considera que o valor atual poderia ser de 1,084 mil milhões de euros, aplicando uma taxa de atualização de 6%, de 1,202 mil milhões se aplicada uma taxa de 7%, ou de 1,278 mil milhões se aplicada uma taxa de 7,6%.

Para fazer estas avaliações, a defesa de José Berardo, assinada pelo advogado Carlos Costa Caldeira, utiliza um artigo do 'site' artprice.com, que sustenta que nos últimos anos o mercado da arte contemporânea subiu até 7,6% anualmente.

"É conhecida a enorme valorização da Arte Moderna na última década, havendo fontes que contabilizam a valorização média anual da arte moderna, desde 2000, em mais de 7,6%", sustenta a defesa.

Num documento entregue aos deputados pelo antigo administrador da Caixa Geral de Depósitos Jorge Tomé no âmbito da Comissão Parlamentar de Inquérito ao banco público, e a que a Lusa teve acesso, pode ler-se que o volume um das obras (862 obras) tinha sido avaliado pela Gary Nader em 509,5 milhões de euros, o volume dois (572 obras) em 53,8 milhões de euros e o volume três (895 obras) em 7,8 milhões de euros.

A avaliação da Christie's, feita em 2006, incluía apenas o volume um e totalizava 316,3 milhões de euros, de acordo com Jorge Tomé.

Em 20 de abril, CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma ação executiva para cobrar dívidas de Joe Berardo, de quase 1.000 milhões de euros, executando ainda a Fundação José Berardo e duas empresas ligadas ao empresário.

O valor em dívida às três instituições financeiras totaliza 962 milhões de euros.

Lusa