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PCP faz 99 anos. Uma história em 32 datas

Uma cronologia da história do Partido Comunista Português.

PCP faz 99 anos. Uma história em 32 datas
Jose Manuel Ribeiro

O Partido Comunista Português (PCP), que assinala esta sexta-feira, 6 março, os 99 anos sobre a sua fundação, vai organizar um comício com a intervenção do secretário-geral dos comunistas, Jerónimo de Sousa, no Pavilhão Carlos Lopes, em Lisboa, que marca o arranque das comemorações do centenário do partido.

1919

Setembro - Fundação da Federação Maximalista Portuguesa (FMP), organização-mãe do comunismo em Portugal, por Manuel Ribeiro. A FMP reagrupava os primeiros sovietistas portugueses. Editava o semanário "Bandeira Vermelha".


1921

6 de março - Fundação do Partido Comunista Português (PCP), na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, onde se realiza a assembleia que elege a direção do partido. O seu primeiro secretário-geral foi José Carlos Rates.

Num manifesto em que faz a sua apresentação pública, o PCP publica os 21 pontos da Internacional Comunista, que constituem a sua base política, e afirma a sua adesão ao Movimento Comunista Internacional. Pouco depois forma-se a Juventude Comunista.

16 de outubro - Primeira publicação d'"O Comunista", órgão de informação do PCP, e que o "Avante!" viria substituir em fevereiro de 1931. Publicação de "O Jovem Comunista", órgão da Juventude do partido.

1923

10, 11 e 12 de novembro - I congresso do PCP, em Lisboa.

1926

28 de maio - Golpe militar e instauração de ditadura militar. Dissolução do Parlamento, imposição da censura prévia à imprensa.

1929

21 de abril - Bento Gonçalves, operário do Arsenal do Alfeite, em Almada, é designado secretário-geral do partido. Ocupa este cargo até 11 de setembro de 1942.

1931

15 de fevereiro - É publicado o primeiro número do jornal "Avante!", órgão central do PCP.

1935

É preso o secretariado do comité central do PCP, composto por Bento Gonçalves, Júlio Fogaça e José de Sousa. Até ao final dos anos 1930 são presos dirigentes como Francisco Miguel, Carolina Loff, Ludgero Pinto Basto e Álvaro Cunhal. Esta década encerra uma primeira fase da vida do partido.

1940/1941

Em 1940 um grande número de militantes é libertado, entre eles Álvaro Cunhal, Militão Ribeiro, Sérgio Vilarigues, Pires Jorge, José Gregório, Pedro Soares, Manuel Guedes e Júlio Fogaça. O PCP leva a cabo uma reorganização do partido.

1961

Álvaro Cunhal é eleito secretário-geral do partido. Ocupou o cargo até 1992, altura em que foi substituído por Carlos Carvalhas.

ACACIO FRANCO

1962

Primeira emissão da "Rádio Portugal Livre", que difundia em Portugal algumas notícias que a censura impedia os jornais de divulgarem.


1965

Setembro - No VI congresso, o PCP aprova o programa do partido para "a Revolução Democrática e Nacional".

1974

25 de abril - O Movimento das Forças Armadas (MFA) derruba o Governo liderado por Marcelo Caetano.


1975

25 de abril - Eleições para a Assembleia Constituinte. Foram eleitos 250 deputados. A forte influência do partido no Período Revolucionário em Curso (PREC) não se reflete nos resultados eleitorais. O PCP elege 30 deputados, o Partido Socialista 116 e o Partido Popular Democrático (futuro Partido Social Democrata) 81.


28 de novembro - Termina o PREC e o "Verão Quente", após confronto entre o grupo dos "moderados" e a "esquerda militar", no 25 de Novembro, com a adoção de um modelo político de democracia representativa.

1976

27 de junho - Eleições presidenciais. António Ramalho Eanes é eleito à primeira volta com 61,59 por cento dos votos. O candidato apoiado pelo PCP, Octávio Pato, consegue 7,59 por cento dos votos. Fica atrás de Otelo Saraiva de Carvalho (16,46 por cento) e de Pinheiro de Azevedo (14,37 por cento).

1987

Num momento de contestação interna no PCP com o "grupo dos seis", de Vital Moreira e Veiga de Oliveira, Álvaro Cunhal recusa quaisquer alterações no rumo ou "abertura" do partido.

1990

18, 19 e 20 de maio - O PCP faz o seu XII congresso (extraordinário), em Loures, um ano após o fim da URSS e a queda dos regimes comunistas a na Europa de Leste. O congresso faz uma análise às causas do "fracasso de um 'modelo' que representou o afastamento dos ideais do socialismo", mas "reafirmou" a sua "profunda confiança e convicção no valor, actualidade e projecção dos ideais comunistas". Cunhal continua à frente do partido.

1991

19 de novembro - Comité Central anuncia a expulsão dos militantes Barros Moura, Mário Lino e Raimundo Narciso por posições políticas discordantes das do partido e "atividades fracionárias".

1992

4, 5 e 6 de dezembro - No XIV congresso do partido, em Almada, Álvaro Cunhal deixa a liderança do partido. Carlos Carvalhas assume o cargo de secretário-geral. Cunhal continua, porém, com um cargo especial, de coordenação: presidente do Conselho Nacional.

1996

Novo período de crise interna no PCP. Álvaro Cunhal, fora dos órgãos dirigentes, faz palestras e aproveita-as para se pronunciar contra mudanças pretendidas pelos "renovadores".

2001

Num momento de grande atividade dos "renovadores", Álvaro Cunhal, já doente, envia uma mensagem ao congresso do partido em que proclama o PCP como um partido "marxista-leninista", travando quaisquer mudanças de estratégia do partido.

2002

21 de setembro - Comité Central ratifica a expulsão dos renovadores Edgar Correia e Carlos Luís Figueira e a suspensão, por 10 meses, do histórico Carlos Brito.

Hugo Correia

2004

28 de novembro - No XVII congresso do PCP, em Almada, Jerónimo de Sousa é eleito secretário-geral do partido, sucedendo a Carlos Carvalhas.

2005

12 de junho - Morte de Álvaro Cunhal, com 91 anos. O funeral, em Lisboa, reuniu milhares de pessoas numa última homenagem ao líder histórico do PCP.

2008

2 de dezembro - Jerónimo de Sousa reeleito secretário-geral do PCP, no XVIII congresso, em Lisboa.

2012

2 de dezembro - o Comité Central do PCP reelege por unanimidade Jerónimo de Sousa secretário-geral do partido, no último dia do XIX congresso comunista, em Almada.

2015

4 de outubro - Realizam-se eleições legislativas. Coligação PSD/CDS-PP vence com 36,83% dos votos, o PS é segundo partido mais votado (32,38%). Apesar da vitória da direita, há uma maioria de esquerda no parlamento, com o PS, BE (10,22%), e PCP-PEV (8,27%), que abre caminho a um acordo parlamentar inédito. Mais tarde apelidado de "geringonça", os socialistas formam Governo, com o apoio parlamentar de comunistas, bloquistas e verdes.

2019

26 de junho - Nas europeias, a CDU obtem 6,9% dos votos, elege dois eurodeputados, perdendo um representante no Parlamento Europeu comparativamente às eleições de 2014.

6 de outubro - A CDU, coligação liderada pelo PCP, elegeu 12 deputados, menos cinco do que em 2015, numas eleições ganhas pelo PS, com 36,34%, longe da maioria absoluta.