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Serviços públicos partilham dados com a Google. Porquê e o que dizem os especialistas?

Vários sites estão a divulgar informação dos utilizadores.

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Vários serviços públicos em Portugal, nomeadamente os principais sites do Sistema Nacional de Saúde, estão a enviar dados dos cidadãos para exploração comercial da Google e de outras marcas ligadas à publicidade.

Os especialistas pedem que seja feita uma auditoria porque pode haver fuga de dados pessoais para entidades externas.

Segundo o jornal Expresso, a recolha pode acontecer em serviços que esses sites disponibilizam aos utentes, como agendamento de vacinas covid-19 e solicitação de medicamentos para o HIV.

Na prática, quando o faz, alguns dos seus dados de navegação estão a ser partilhados e daí em diante vai receber publicidade relacionada com o que pesquisou.

A recolha de dados de navegação é conhecida como cookies. Algumas são necessárias para que os sites funcionem, outras servem apenas para campanhas publicitárias.

Acontece que sites que não têm atividade empresarial não podem enviar informação recolhida através de cookies para fins comerciais, segundo defendem os especialistas.

Alexandre Sousa Pinheiro, especialista em privacidade que já pertenceu à Comissão Nacional de Proteção de Dados, fala numa violação da legislação nacional e comunitária.

Os sites do SNS não são os únicos com esta prática. Também acontece nos sites da Assembleia da República, nos Serviços de Informação da República Portuguesa, da PSP, da GNR e da Câmara Municipal de Lisboa.

Esta partilha de informação só termina se o utilizador a impedir. Se não o fizer, continua a ser partilhada.

Ao Expresso, os Serviços Partilhados do Ministério da Saúde garantem que os dados são usados apenas para efeitos estatísticos e de forma anónima. Asseguram ainda que "não há partilha de dados pessoais com a Google ou com qualquer entidade externa".

Em todo o caso, decidiram suspender o uso da ferramenta que permitia a recolha de dados.

A SIC tentou contactar a comissão Nacional de Proteção de Dados, no sentido de perceber se vai investigar e, eventualmente, aplicar sanções, mas a Comissão ainda não reagiu.