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Rui Pinto partilha filme dos acontecimentos até à detenção de César Boaventura

O empresário desportivo é um dos três detidos no âmbito da Operação Malapata e "fortemente indiciados" pela prática dos crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento.

Rui Pinto, criador da plataforma Football Leaks
Rui Pinto, criador da plataforma Football Leaks
MARIO CRUZ

O hacker recorreu, como habitualmente, à sua conta na rede social Twitter para reagir à detenção do agente desportivo, César Boaventura, suspeito da prática de vários crimes que lhe terão dado uma "vantagem patrimonial em sede fiscal" de 1,5 milhões de euros.

No dia em que a Polícia Judiciária (PJ) revelou o balanço da Operação Malata, que deu cumprimento a três mandados de detenção e de buscas domiciliárias e não domiciliárias, incluindo ao Benfica e Sporting, pela "presumível prática dos crimes de fraude fiscal, burla qualificada, falsificação informática e branqueamento", Rui Pinto recorreu ao Twitter para comentar uma detenção em particular.

"César Boaventura detido por indícios da prática de crimes de fraude fiscal, burla qualificada e branqueamento de capitais. Um esquema que poderá ter movimentado cerca de 70 milhões de euros. Será uma boa altura para reler esta thread", escreveu Rui Pinto.

A SIC Notícias sabe que em causa estão as transações do jogadores Nuno Tavares, Lisandro Lopez, Gedson Fernandes e Vlachodimos.

E Rui Pinto decidiu fazer uma espécie de filme dos acontecimentos até à detenção de hoje, partilhando tweets que ele próprio publicou em outubro deste ano. No primeiro, e o que dá início ao enredo, o hacker lembra que "em 28 de Novembro de 2012 foi criada em São Tomé e Príncipe uma sociedade anónima offshore denominada GIC Corporation SA. Este tipo de sociedades rege-se pelas normas do Decreto-Lei nº 70/95, de 31 de Dezembro, conhecido como Regime das Sociedades Anónimas Offshore".

Uma sociedade que, escreveu, "teria forçosamente um capital mínimo exigido de 5000 USD, e um mínimo de 2 sócios, e foi utilizada por César Boaventura, na elaboração de um conjunto de contratos que envolveu as SAD do Benfica e do Atlético CP".

"A GIC Corporation SA anunciou a 26 de Janeiro de 2014, através da sua página de Facebook, que adquiriu 50% do passe do atleta Mika ao Benfica. Uma negociação realizada por César Boaventura directamente com Luís Filipe Vieira, e que se traduziu numa cedência a custo zero" e, prossegue Rui Pinto, "esses 50% (...) passaram, poucos meses depois, para a esfera da Splendivedeta Unipessoal Lda, constituída em 12 de Junho do mesmo ano, e detida a 100% por César Boaventura. Sociedade entretanto dissolvida e liquidada em Fevereiro deste ano".

"O advogado e especialista em Direito do Desporto, Luis Cassiano Neves, e Abel Silva, ex-jogador do Benfica, condenado no processo Jogo Duplo, por práticas de match-fixing, são outros nomes com poderes de representação da sociedade GIC Corporation SA", cujo registo, conclui o hacker, "foi elaborado por uma empresa gestora de offshores liderada por Reto Scherraus-Fenkart, cônsul honorário da Suíça em São Tomé e Príncipe, e com fortes ligações a Portugal, e por Ana Lucas, alegada notária Portuguesa".