A Vodafone foi alvo de um ataque informático na passada segunda-feira. Numa altura em que estes ataques se tornam mais mediáticos, o tema da cibersegurança ganha também maior importância. Rolando Martins, especialista em cibersegurança na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, não acredita tratar-se de “terrorismo”, mas sim de ataques à sociedade.
“Não sei se será um ataque terrorista ou mesmo à liberdade de expressão. Acho que é um ataque à sociedade em geral. Acho que eles querem tentar perceber em que pontos estamos – desde as pessoas individuais até às grandes empresas – e depois, porventura no futuro, ter algum tipo de ganhos com isto“, explica o especialista em entrevista à Edição da Tarde da SIC Notícias.
Rolando Martins respondia às declarações do CEO da Vodafone, Mário Vaz, que apelidou o ataque à operadora de “terrorista”. Sobre a motivação dos hackers, Rolando Martins diz não ser de cariz económico – “porque não exigiram nada, ao contrário de outros ataques de ransomware” -, e destaca que existem diferentes perfis de atacantes: os que têm com apoio estatal, os ativistas e os grupos organizados criminosos.
“Não é só nestes três meses que temos tido ataques. Nós temos ataques constantemente – posso dizer, sem entrar em grande detalhe, que na Universidade do Porto temos ataques diários. Acho que agora está mais mediático [porque], se calhar, o foco tem sido em organizações maiores“, prossegue o especialista.
O especialista em cibersegurança considera ainda que estes ataques são “dores de crescimento”, fruto da evolução do país para o digital e sublinha que “há caminho a fazer” nesta área.
“Não há nenhum sistema seguro que consiga suportar 100% dos ataques“, afirma Rolando Martins. “Podemos fazer os sistemas mais seguros que consigamos, no final do dia o elemento que, infelizmente, é mais fraco é o elemento humano“, acrescenta, referindo que as empresas devem apostar na formação das pessoas.
A segurança cibernética tem um custo para as empresas, mas o especialista sublinha que os ataques podem sair ainda mais caros, devido aos “danos reputacionais” que podem “comprometer o modelo de negócio“.
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