O ex-ministro Manuel Pinho terá reconhecido que fez uma “habilidade” para esconder património quando foi para o Governo. Nos escritos apreendidos pelo Ministério Público, Pinho diz que é Ricardo Salgado quem terá de explicar os 15 mil euros mensais que lhe pagava quando era governante.
O advogado do ex-ministro diz que não sabe se Pinho assumiu ou não a referida “habilidade” e que não conhece os documentos em causa. Ricardo Sá Fernandes reafirma que Manuel Pinho “não recebeu qualquer avença do BES enquanto foi membro do Governo” e garante que “essa prova será feita na altura própria, depois da acusação chegar”.
Os documentos apreendidos pela investigação têm novos dados sobre o caso: Manuel Pinho queria manter a conta bancária que detinha na Suíça fora do radar e, por isso, quando tomou posse como ministro, em 2005, escondeu das autoridades a ligação à Tartaruga Fondation no Banque Privée Espírito Santo – uma sociedade offshore criada com a mulher, que é também arguida.
Além de esconder o património, a investigação acredita que a tal “habilidade” – como lhe chamou o ex-ministro – serviu para continuar a receber a avença mensal de quase 15 mil euros do famoso saco azul do Grupo Espírito Santo (GES) entre 2005 e 2009. Manuel Pinho mantém que não foi corrompido por ninguém.
Nos documentos a que a SIC teve acesso, o antigo ministro terá ainda referido que, à data, não tinha conhecimento das transferências do GES. Justifica que não recebia extratos bancários e afirma que, quando percebeu que os depósitos continuavam a ser feitos, pediu de imediato a Ricardo Salgado para corrigir a situação. Mas, a verdade, é que isso nunca aconteceu.
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