A nomeação do ex-ministro das Finanças para o cargo de vice-reitor do ISCTE teve novos (e polémicos) desenvolvimentos. Manuel Heitor, ex-colega de João Leão no XXII Governo, entrou em cena, afirmando que nos últimos cinco anos apenas um projeto do Ministério do Ensino Superior contou com o apoio da pasta das Finanças.
A polémica chegou na semana passada, quando o jornal Público avançou com a notícia de que João Leão, que foi nomeado vice-reitor do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa dois dias depois de ter deixado o Governo, ia gerir o projeto do Centro de Valorização de Transferência de Tecnologias (CVTT) daquela universidade e cujo financiamento foi incluído no último Orçamento do Estado, que o próprio ex-ministro ajudou a elaborar.
O financiamento prevê oito milhões de euros de investimento público na obra que vai concentrar oito centros de investigação, dez laboratórios e três observatórios da instituição no antigo edifício do Instituto da Mobilidade e dos Transportes, na Avenida das Forças Armadas, junto ao campus do ISCTE, em Lisboa.
Ao Público, João Leão e a reitoria do ISCTE esclareceram que “a negociação e solicitação [do financiamento] resulta sempre do ministério e membros do governo respetivos, neste caso do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES)”, recusando qualquer intervenção do ex-governante. Uma explicação que não convenceu, nomeadamente vários partidos políticos e até o ex-ministro do Ensino Superior, Manuel Heitor.
Em declarações, esta quarta-feira ao mesmo jornal, Manuel Heitor não só lamenta que nos últimos cinco anos mais projetos tenham sido apoiados, como confirma que só o do ISCTE contou com o apoio das Finanças.
Nos cinco anos do seu mandato, assegura, o CVTT foi o único projeto da tutela de Manuel Heitor a ser apoiado diretamente pela dotação centralizada do Ministério das Finanças. Apesar de admitir que foi o Ministério do Ensino Superior que “instruiu o processo” para garantir o apoio, o ex-ministro assegura que “fizemo-lo com vários outros projetos”, mas “o único que foi aprovado foi o do ISCTE”, diz.
Entre os outros projetos, que foram chumbados pelo Ministério tutelado por João Leão, constam, por exemplo, iniciativas dos politécnicos de Santarém, Castelo Branco e Tomar, e cujo valor total representaria cerca de um milhão de euros – verba muito abaixo do financiamento autorizado ao ISCTE. Outro dos chumbos, revela o ex-ministro do Ensino Superior ao Público, foi dado a projetos que visavam aumentar o financiamento à ciência, através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
“É pena não ter havido mais projetos apoiados“, lamenta Manuel Heitor, ex-ministro e ex-colega de governo de João Leão.
Pedem-se esclarecimentos ao ex-ministro das Finanças
Este caso está a provocar reações entre os partidos. O Chega já chamou João leão ao Parlamento para explicar o financiamento e o PSD marcou uma conferência de imprensa para o início da tarde desta quarta-feira para se pronunciar.
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