A Procuradoria-Geral da República quer anular o acórdão do Tribunal Constitucional que impede o uso de metadados em investigações criminais. De acordo com o jornal Público, Marcelo Rebelo de Sousa considera que poderá ser necessário alterar a Constituição para resolver o problema.
Os processos-crime que usaram metadados como meio de prova podem vir a ser anulados por causa desta decisão do Tribunal Constitucional.
O acórdão inviabiliza que as operadoras de comunicação armazenem registos de contactos e impede que sejam utilizados em investigações criminais, facto que pode ainda implicar processos que já foram julgados.
A Procuradoria-Geral da República requereu a nulidade da decisão.
“Há o perigo de que algumas investigações possam soçobrar. Em relação às condenações, é isso que se tenta agora clarificar”, afirma Lucília Gago, procuradora-geral da República.
O Tribunal Constitucional reagiu à decisão de Lucília Gago e vai analisar o recurso interposto pela procuradora-geral da República.
Segundo o jornal Público, a Presidência da República não espera que este requerimento possa ser bem-sucedido.
A solução poderá passar por uma revisão da Constituição, o que não é visto com bons olhos por Marcelo Rebelo de Sousa.
Preferia que o Governo questionasse o Tribunal sobre possíveis soluções e que permitam utilizar os metadados, conforme a lei fundamental.
Para o Ministério Público, sem o acesso a metadados, as investigações de crimes poderão estar em causa.
O Acórdão do Tribunal Constitucional poderá atrasar, e até impedir, muitas investigações. É o caso de crimes informáticos, de burla, sequestro, rapto, tráfico de droga, corrupção e muitos outros.
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