A reunião entre o Ministério da Saúde o os sindicatos que representam os médicos, que decorreu esta quinta-feira à tarde, terminou sem acordo. Os sindicatos, que dizem que as propostas apresentadas pelo Governo são insuficientes, vão apresentar uma contraproposta.
A secretária de Estado da Saúde, Maria Fátima Fonseca, que falou aos jornalistas no final da reunião, adiantou que os sindicatos vão apresentar uma controproposta, que o Governo se comprometeu analisar.
Há uma nova reunião agendada para a próxima quarta-feira, dia 22 de junho, acrescentou ainda a responsável.
“Temos muito trabalho para fazer. Paralelamente decorre um processo de negociação normal para a legislatura”, afirma.
O objetivo do encontro era discutir um projeto de diploma sobre as matérias de remunerações em serviço de urgência.
O que dizem os sindicatos
Os sindicatos dos médicos consideraram”completamente inaceitável” a proposta apresentada pelo Ministério da Saúde sobre a atualização salarial dos clínicos em serviço de urgência, tendo saído da reunião com a tutela sem qualquer acordo.
“Não chegámos a qualquer consenso. Temos aqui uma proposta que se centra de uma forma muito estreitada nas horas de urgência, mais ainda, não é em todas as horas de urgência, são só aquelas horas extraordinárias para além daquilo que é definido legalmente e ainda por cima só num regime excecional e transitório com limite a três meses”, disse aos jornalistas o presidente da Comissão Executiva da Federação Nacional dos Médicos (FNAM), Noel Carrilho.
Noel Carrilho considerou a proposta do Governo “completamente inaceitável”.”
Saímos daqui sem nenhum tipo de solução e dececionados após as afirmações da ministra e do próprio primeiro-ministro ter reconhecido que é um problema estrutural e apresentarem uma solução que é tudo menos estrutural, é ineficaz e perfeitamente pontual”, frisou.
Também Roque da Cunha, secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), manifestou aos jornalistas a “deceção total”, considerando que a proposta “empurra mais uma vez os médicos para a prestação de serviços”.
“Mais uma vez o Ministério da Saúde não entende que o essencial é a contratação de médicos, discutir uma carreira médica e uma nova grelha salarial”, disse Roque da Cunha.
Fecho de urgências
Nos últimos dias têm-se sucedido encerramentos das urgências de ginecologia e obstetrícia por todo o país, por dificuldades em assegurar escalas de profissionais.
A ministra da Saúde, Marta Temido, anunciou um “plano de contingência” até setembro para fazer face ao problema que se vive no setor e a criação de uma comissão para acompanhar a resposta das urgências de ginecologia e obstetrícia e bloco de partos dos hospitais, integrando coordenadores regionais e um nacional.
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