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Morte de criança em Setúbal: “Quando isto acontece, o sistema falha, mas também a comunidade que agora se revolta, falhou”

Carlos Poiares, vice-reitor da Universidade Lusófona e diretor de Criminologia, em entrevista na SIC Notícias.

Morte de criança em Setúbal: “Quando isto acontece, o sistema falha, mas também a comunidade que agora se revolta, falhou”

Carlos Poiares, vice-reitor da Universidade Lusófona e diretor de Criminologia, disse esta sexta-feira em entrevista na SIC Notícias que quando acontecem casos como o de Jéssica, que morreu em Setúbal por alegados maus-tratos, há vários alvos a que se deve apontar falhas.

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Quando isto acontece, o sistema falha, mas também a comunidade que agora se revolta, falhou, porque se receavam e tinham noção de que havia situações que podem configurar crimes, tinham o dever de as denunciar”, afirmou Carlos Poiares.

O vice-reitor da Universidade Lusófona considerou que “a maioria das questões não estão respondidas’‘. As respostas estarão a ser equacionadas pela PJ e é normal que não sejam vertidas para a praça pública de acordo com o ritmo que a investigação vai tendo”.

“Nestes casos, nós temos aqui três ou quatro questões (…). Nós temos de facto assistido a um reforço de medidas de apoio às crianças em políticas que são definidas, mas depois, isto é criado pelo poder político, mas muitas vezes parece que quando se transita para a prática parece que alguém adormece no meio das coisas, porque a Jéssica não é um caso isolado”, explicou.

O diretor de Criminologia apontou soluções para se evitarem casos como o de Jéssica.

“Nos casos em que há crianças que são assassinadas, por quezílias parentais ou por terceiros, é altura também de à semelhança do que se tem feito por violência doméstica, de se criar uma equipa que analise retrospetivamente, que disseque estes casos. É necessário fazer uma autópsia destes casos todos para sabermos quem falhou, quando falhou e porque falhou”, disse.

Sobre os momentos de tensão que se viveram tanto no velório como no funeral da menina de três anos, Poiares afirmou que “este tipo de inculpar selvaticamente é algo que não faz sentido”.

“A justiça tem de ser feita através da prevenção. E a prevenção exige que se atue atempadamente, não é a atuação intempestiva à posteriori. E aqui é isso que seguramente falhou, não foram tomados na hora devida os procedimentos necessários”, concluiu.

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