Numa análise ao debate desta tarde na Assembleia da República, que terminou com o chumbo já esperado da moção de censura ao Governo apresentada pelo Chega, Bernardo Ferrão começou por destacar a ausência do PSD.
"Acho estranho que num debate que foi marcado por André Ventura, exatamente para se afirmar como líder da oposição, sobretudo depois do Congresso do PSD, o PSD não se tenha entendido", disse, lembrando que neste momento o partido está a fazer a passagem de pastas no Parlamento entre "Paulo Mota Pinto, que ainda é líder [parlamentar] e o próximo que será Joaquim Miranda Sarmento, portanto há aqui uma espécie de vazio".
Ainda assim, defendeu Bernardo Ferrão, "num debate destes, acho que devia ter havido aqui alguma organização dentro do partido para que não houvesse mais de uma hora de debate com um PSD completamente ausente".
Quanto ao Chega, e sabendo desde logo "como ia terminar" o debate, ou seja, com o chumbo da moção, se André Ventura "esperava que alguma direita pudesse apoiá-lo, obviamente estava enganado e tudo isto fazia parte do seu jogo".
"Mas há aqui uma coisa importante a destacar e ela foi dita por Rui Tavares - o taticismo de uma moção de censura como esta consiste no agudizar das crises e na degradação do Estado - as palavras não foram bem estas mas este é que é o problema. Rui Tavares critica André ventura por estar a fazer este aproveitamento, claramente populista, de tudo o que está a acontecer no país, (...) mas acho que é um aviso também a António Costa e ao Governo que é não deixar que Ventura se aproprie completamente da agenda da crise, que começa a dar sinais muito evidentes", salientou Bernardo Ferrão.
Na opinião de Bernardo Ferrão há um "aviso" claro ao Governo para que "atue mais rapidamente, faça o que possa fazer, que se deixe apenas de intenções para que esta agenda não caia nas mãos de André Ventura".