O Tribunal de Instrução Criminal (TIC) do Porto decretou hoje prisão preventiva para cinco dos 14 detidos no âmbito da Operação Admiral. O sexto arguido viu ser-lhe aplicada prisão domiciliária. Em causa estão crimes de fraude fiscal qualificada, associação criminosa, branqueamento e falsificação de documento.
De acordo com a decisão do juiz de instrução Pedro Miguel Vieira, os cinco arguidos em prisão preventiva estão ainda sujeitos à proibição de se contactarem.
Segundo a nota divulgada à comunicação social, o sexto arguido que ainda se encontra detido viu ser-lhe aplicada a medida de coação de prisão domiciliária, sendo que "até que se mostrem preenchidos todos os requisitos necessários" para o cumprimento dessa medida irá aguardar em prisão preventiva.
Quanto aos restantes oito arguidos, o TIC do Porto aplicou as medidas de Termo de Identidade e Residência (TIR), proibição de constituírem sociedades e/ou abrir contas bancárias ou nelas deterem poderes de movimentação, proibição de contactar entre si e/ou com qualquer interveniente processual e proibição de se ausentar para o estrangeiro sem autorização prévia do tribunal.
Um dos maiores esquemas de fraude fiscal na Europa
Max Cardoso de 44 anos, também conhecido por Max William, é considerado um dos cabecilhas do grupo. Já foi condenado a prisão efetiva em França, por fraude fiscal e também já tinha sido apanhado no escândalo de corrupção Panamá Papers
A investigação identificou fortes ligações do luso-descendente a pelo menos duas offshores: uma nas Ilhas Virgens Britânicas e outra no Chipre, ambas já dissolvidas.
Nas fotos publicadas com a mulher, Ana Lúcia Matos, uma antiga apresentadora de televisão, surge sempre com a cara escondida.
De acordo com o Jornal de Notícias, o casal estava à espera de uma autorização de residência para se mudar para o Dubai quando foi detido pelas autoridades.
Perante o juiz de instrução, Max Cardoso remeteu-se ao silêncio. Já Ana Lúcia Matos aceitou prestar declarações e negou qualquer envolvimento na alegada rede investigada por fortes indícios de fuga aos impostos.
A Procuradoria Europeia suspeita que a organização criminosa da qual faziam parte terá causado um prejuízo superior a 2 mil milhões de euros nos cofres de 17 países através de empresas que abriam e meses depois fechavam e que eram usadas para esconder as transações e ficar com o IVA de equipamento informático e telemóveis vendidos na internet.
Quase 9 mil empresas estarão envolvidas no esquema. O Estado português terá sido lesado em 300 milhões de euros.
Nesta megaoperação europeia foram detidas na passada terça feira 14 pessoas por suspeitas da prática dos crimes de associação criminosa, fraude fiscal e branqueamento de capitais, falsificação de documentos.