Carla Castro e Rui Rocha, candidatos à liderança da Iniciativa Liberal, estiveram esta segunda-feira frente a frente, na SIC Notícias, para um debate onde esclareceram os seus objetivos para o partido e para o país.
Estratégia de comunicação: o papel das redes sociais
Carla Castro começa por acusar Rui Rocha de preconizar um partido “monotemático” focado nas redes sociais e lembra o “recado” de João Cotrim Figueiredo, que no anúncio da sua saída da liderança disse ser preciso uma nova estratégia.
“Mais do que nos queixarmos que não estamos nos grandes meios de comunicação, é preciso merecermos estar. Não temos marcado a agenda política e é isso que ambiciono”, afirma.
Questionada sobre que mudança a sua candidatura pode representar para o partido, Carla Castro revela apostar numa “liderança de proximidade, de terreno” e afirma que a sua equipa é “mais virada para fora”.
Sobre a presença nas redes sociais, reconhece a sua importância, mas garante que a comunicação não fica por aí. Diz ser preciso apresentar mais propostas para estar em mais debates e mais presentes. “Somos mais do que isso”, afirmou, referindo-se às redes sociais.
Rui Rocha sublinha que a presença da Iniciativa Liberal nas redes sociais é parte do sucesso do partido e que essa comunicação é “invejada por outros” partidos.
“A IL é um partido que os outros partidos querem imitar nas redes sociais. Se hoje cá estamos os dois, devemo-lo muito à nossa presença digital, que é uma força muito grande e deve continuar a sê-lo”, defende.
Novo candidato à vice-presidência da Assembleia da República?
Outro tema em que ambos divergem é a apresentação de uma nova candidatura liberal à vice-presidência da Assembleia da República. Carla Castro admite apresentar um candidato escolhido pelo grupo parlamentar e assume o tema como “pacífico”.
Já Rui Rocha manifesta estranheza pela posição da adversária, recordando a decisão tomada pelo grupo parlamentar de que não iria ser apresentada nova candidatura. “É a decisão que existe hoje” e em que Rui Rocha se revê, garante.
O caso Filomena Francisco e a inscrição no Chega
Filomena Francisco, candidata a vice-presidente da Iniciativa Liberal pela lista de Carla Castro, esteve temporariamente inscrita no Chega para “perceber como se fazia o processo de admissão noutros partidos”, disse na altura ao semanário Novo.
Sobre o caso, Carla Castro diz-se perturbada por se tratar de uma “não questão” que está a ser aproveitada a nível eleitoral. “A pessoa em causa foi uma belíssima cabeça de lista nas legislativas”, rematou.
Rui Rocha admite que o episódio da inscrição “não tem enorme relevância”, mas questiona a explicação dada, afirmando que é isso que o perturba.
“Alguém que se inscreve num partido para ver o funcionamento? Mas a que título? Foi a pedido de alguém? a explicação é inverosímil”, atira.
Que soluções para os problemas dos portugueses?
Rui Rocha afirma serem necessárias propostas concretas para os problemas dos portugueses, nomeadamente ao nível da desburocratização, da redução da carga fiscal e da liberdade de escolha na saúde e na educação. Diz ainda querer investir na área da habitação, dos transportes e nas questões do ambiente e da energia.
Carla Castro propõe a alteração do mercado de arrendamento, tornando-o mais apetecível ao simplificar os regimes de arrendamento e criando estabilidade fiscal.
O candidato adversário lembra que em Portugal há um problema de escassez de habitação e lamenta que hoje em dia seja “normal” esperar dois anos para ter um licenciamento para construção.
Sobre o mercado de trabalho, Carla Castro diz que a aposta é numa reforma do mercado laboral que o torne mais flexível, algo que a pandemia demonstrou ser possível, defende. Rui Rocha acrescenta que a visão da sua candidatura é também a de uma “legislação laboral flexível”.
A ambição de Rui Rocha
O candidato assume ainda um compromisso de chegar aos 15% nas próximas eleições legislativas e fazer dois mandatos à frente da IL, de forma a completar um ciclo eleitoral.
“Quero 15% e romper com o bipartidarismo em Portugal. Com esse resultado seguirei o que outros líderes fizeram: dar o lugar a pessoas que venham trazer novas coisas”, garante.
Quem vai ser o próximo líder da Iniciativa Liberal?
A Iniciativa Liberal discute a liderança do partido no final da próxima semana. Com cinco anos de vida, a Iniciativa Liberal já teve três líderes. Apesar de há um ano ter obtido um salto eleitoral significativo, com a eleição de oito deputados, o presidente do partido, João Cotrim de Figueiredo, surpreendeu ao anunciar que não se iria recandidatar.
A justificação: precisa uma estratégia diferente, com tónica mais popular e abrangente e que ele não é o melhor para a desempenhar.
Dias 21 e 22 de janeiro, os militantes da Iniciativa Liberal escolherão o próximo líder. Há três candidatos na corrida e os dois principais são:
- Carla Castro, deputada eleita por Lisboa desde 2021. Antes era assessora do partido no Parlamento. Dourada em Gestão, a economista trabalhou no negócio digital de uma seguradora. Em abril faz 45 anos.
- Antes disso, em março, Rui Rocha cumpre 53 anos. É licenciado em direito e foi diretor de Recursos Humanos numa empresa de logística do Porto. É membro da atual comissão executiva do partido e apoiado desde o primeiro dia pelo ainda presidente.