O chão e as paredes de azulejos intensificam o frio dentro de casa. Com vários problemas de saúde e uma reforma de cerca de 360 euros, Maria Loureiro não tem margem para gastos com aquecimentos.
"Tenho um aquecedor a óleo, dizem que é mais em conta, mas eu não tenho como pagar. Tenho de pôr mais um casaco, mais um cobertor, mas aquecedores está fora de questão."
Com 83 anos, a vizinha do lado, Generosa Dias, também evita ligar aquecedores por causa dos custos e quando tem frio tapa-se com um cobertor.
Nuno Henriques, especialista em eficiência energética em edifícios, explica que edifícios como este "são edifícios de construção do século passado com baixo desempenho energético". E "muito do calor gerado no interior das habitações é escoado para o exterior porque não estão isoladas termicamente, como as janelas ou as portas".
Entre um a dois milhões de portugueses estão numa situação moderada e 700 mil numa situação severa de pobreza energética, ou seja, não têm como aquecer as casas.
Uma das opções passa por requalificar os edifícios mais antigos. A Estratégia de Combate à Pobreza Energética detetou que há mais de 17% da população sem dinheiro para investir em aquecimentos. Até 2030 compromete-se a reduzir esse valor para os 10%.