O Ministério Público acusou esta segunda-feira a bastonária e outros 13 dirigentes da Ordem dos Enfermeiros dos crimes de peculato e falsificação de documentos, no âmbito de um processo-crime no qual foi investigado o pagamento indevido de quilómetros que nunca foram percorridos.
Em causa está a alegada apropriação indevida de cerca de 61 mil euros, no total, por parte de todos os arguidos. Destes 61 mil euros é imputada a Ana Rita Cavaco a apropriação indevida de cerca de 10.600 euros.
De acordo com a acusação, entre março de 2016 e outubro do mesmo ano, Ana Rita Cavaco forjou mapas de deslocação, ao declarar ter percorrido 58 mil quilómetros quando, na verdade, percorreu 29 mil. Existe uma diferença de quase 30 mil quilómetros, o que significa que a bastonária dos Enfermeiros recebeu mais de 10 mil euros que não lhe eram devidos.
O Ministério Público pede que cada arguido seja condenado a “entregar ao Estado a quantia de que se apropriou”.
Ana Rita Cavaco reagiu entretanto à acusação numa publicação na rede social Facebook.
"Passados sete anos de investigações, repito, sete anos de investigações, o MP concluiu que recebi indevidamente 10 mil euros por quilómetros, inclusivamente justificando que estaria fora do país quando o meu bilhete de avião prova o contrário. [...] Durante sete anos, geri 70 milhões de euros. O MP acusa-me de ter recebido 10 mil euros por quilómetros que acredita que não fiz e fiz! Percorri este país de ponta a ponta, conforme os enfermeiros podem confirmar. Eu sei, melhor que ninguém, que neste país não fica bem ver uma bastonária na rua junto dos seus, mas é onde sempre disse que estaria e irei continuar", escreveu Ana Rita Cavaco.
E deixa ainda um aviso: "Se a ideia é vergar-me agora, logo agora a finalizar o segundo mandato daqui a 11 meses, desistam!".