A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) avançou com um pré-aviso de greve nacional para os dias 8 e 9 de março. Em causa está o facto de a tutela insistir em apresentar “medidas paliativas”. Este anúncio surge após uma reunião com secretário de Estado da Saúde e os sindicatos do setor, realizada esta quarta-feira.
“As negociações com o Ministério da Saúde têm sido prolongadas no tempo, a um ritmo demasiado lento, onde se acumulam os pedidos de adiamento de reuniões e escasseiam as propostas por parte da tutela. Por outro lado, os sindicatos médicos têm feito o seu trabalho de forma responsável, cumprindo prazos e apresentado as suas propostas”, lê-se no comunicado enviado às redações.
Vincando que “sempre assumiu uma posição dialogante e disponível”, a FNAM contesta a resposta do Ministério da Saúde que, diz, “tem sido evasivo e tem apresentado medidas paliativas, através da recém-criada Direção Executiva do SNS, à revelia das negociações com os sindicatos”.
O que reivindicam os médicos? Duas medidas que classificam como “estruturais” e fundamentais: - valorizar a carreira médica, “negociando novas grelhas salariais”, e - dignificar as condições de trabalho dos médicos, para “garantir cuidados de saúde de qualidade para a população”.
“Têm sido os médicos e os profissionais de saúde que têm assegurado o funcionamento do SNS, apesar do subfinanciamento crónico e da deterioração das suas condições de trabalho. Os médicos chegaram a uma situação insustentável – estão exaustos e desmotivados face à falta de resposta do Governo, à situação difícil do SNS e ao cansaço acumulado durante a pandemia de COVID-19”, destaca a FNAM.
Agora, salientam, “Os médicos precisam da solidariedade” numa “luta que afeta toda a gente”.
“É preciso cuidar de quem cuida. É preciso salvar o SNS”.
SIM afasta-se (para já) da greve
O Sindicato Independente dos Médicos (SIM), que também esteve na reunião desta quarta-feira com o secretário de Estado Ricardo Mestre, demarca-se para já do anúncio feito pela FNAM, sustentando que o tempo é ainda de negociação. Aliás, para a próxima quarta-feira (8 de fevereiro) está marcada nova reunião com a tutela.
“Para o SIM o momento é ainda de negociação. Seria mais fácil o SIM ceder a estados de alma e ao clamor de indignação. Mas somos responsáveis. Pela nossa parte cumpriremos o que assinamos", justificam.
O SIM destaca até que na reunião de hoje, “especificamente convocada para mitigar o problema do pagamento das horas extra”, é de saudar que o “Governo tenha cumprido os seus serviços mínimos alargando o pagamento das mesmas de forma condigna até ao fim das negociações”.
Neste sentido, e compreendendo “a impaciência dos colegas da FNAM”, o SIM considera que “o anúncio de uma greve, nesta fase, a meio das negociações é uma cedência ao radicalismo e populismo”.
Por outro lado, sublinha, ”o Governo ao não dar avanços substantivos no processo negocial permite o alastrar desta narrativa".
Para já, o SIM promete apenas continuar “a tudo fazer para evitar o recurso a esse instrumento até 30 de junho”.
E porquê 30 de junho? Este é o prazo acordado entre Governo e sindicatos para que o programa negocial - que abrange a nova grelha salarial - esteja acertado, ou seja, fechado.