Começou esta sexta-feira mais uma greve na CP, desta vez são os maquinistas que exigem aumentos salariais e queixam-se de um impasse nas negociações.
Para quem queria utilizar o comboio na manhã desta sexta-feira, não teve tarefa facilitada, houve mesmo quem tivesse sido obrigado a desistir.
"A entrar temos de estar sempre a empurrar... e é quando conseguimos entrar.", relatou uma utilizadora dos comboios que aguardava na linha. São poucos os comboios que passam e os que passam não são para todos "Apareceu um comboio e estava muita gente, ninguém conseguiu entrar naquilo".
O dia está a ser difícil para os passageiros e não foi só em Lisboa que se sentiu os constrangimentos da greve, a situação no Porto foi idêntica, poucos foram os comboios que passaram na linha.
"Quase há uma hora à espera de comboios e não passa nenhum. Agora vou ter de esperar para ver se passa algum para poder ir trabalhar. Isto é uma palhaçada.", atirou outro cliente da CP que se mostrou indignado.
As pessoas que desesperam pelo meio de transporte que as leva à escola ao trabalho afirmam que é "uma falta de respeito"
"No espaço de um mês já aconteceu mais do que uma vez e para nós que estudamos ou para quem trabalha dificulta o dia a dia. É um bocadinho falta de respeito pelas pessoas, a vida custa a todos e não é por isso que deixamos de vir estudar ou trabalhar", lamentou um jovem que aguardava o transporte no Porto.
Entre a meia noite e as e as 12:00 a greve dos maquinistas do CP levou à supressão de 371 comboios de um total programado de 560, segundo dados divulgados pela transportadora. Foram assim efetuados 189 comboios, incluindo 188 composições de serviços mínimos. O nível de supressão neste período foi de 66,3%.
No final das 24 horas de greve serão mais de mil as viagens que não se vão realizar.
Desde 2013 que os maquinistas não faziam greve, só este ano já vão na terceira.
"Em 2021 a inflação era foi de 1,3% e já só tivemos em 2022 uma atualização de 0,9%. Agora quando temos uma inflação de quase 8% temos uma proposta de atualização que deve andar a rondar os 2 a 3%. Por vezes estão quase 38/40 horas fora de casa, saem, dormem fora e estão 12 horas fora e só depois é que fazem outro turno para regressarem em casa e também têm esses custos com o trabalho, que são suportadas pelo trabalhador.", disse Helder Silva à SIC membro do Sindicato dos Maquinistas.
Não está para já prevista nenhuma nova ronda de negociações. Se a CP não fizer uma nova proposta de aumentos, as greves vão continuar.