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Polémica na Marinha: "Não há Forças Armadas sem disciplina", avisa Gouveia e Melo

Polémica na Marinha: "Não há Forças Armadas sem disciplina", avisa Gouveia e Melo

O almirante Gouveia e Melo criticou a atitude dos 13 militares que se recusaram a embarcar no NRP Mondego, invocando o mau estado do navio, e que agora estão a ser alvo de processos disciplinares.

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Confrontado com a polémica na Marinha, o chefe do Estado-Maior da Armada e Autoridade Marítima Nacional afirmou que "não há Forças Armadas, em nenhum país, sem disciplina". Há, disse, uma hierarquia que deve e tem de ser respeitada, por isso, vincou o almirante Gouveia e Melo é que as “Forças Armadas são altamente hierarquizadas”.

Quem decide é a hierarquia da Marinha. É o comandante do navio o último responsável e esse não nos disse que o navio estava em risco de cumprir a missão”, revelou Gouveia e Melo aos jornalistas, salientando que “há uma hierarquia de pessoas estruturadas e preparadas para exercer as suas funções (…) e essa hierarquia não pode ser substituída por um grupo da guarnição que começa a decidir se faz ou não as missões”.

E é precisamente para evitar estas situações, sustentou, que as “Forças Armadas são altamente hierarquizadas”. As Forças Armadas "são exigentes, obrigam a sacrifícios e a disciplina. Por isso vou sempre exigir os processos necessários a manter a disciplina", avisou.

Quanto aos processos disciplinares em curso, chefe do Estado-Maior da Armada disse não ter “mais nada a declarar”, revelando que esta quinta-feira irá deslocar-se à Madeira para se inteirar do caso.

Sobre os processos disciplinares, disse ainda aos jornalistas, que serão “rápidos mas seguros”.

Questionado sobre a falta de verbas para a manutenção na Marinha e o défice de 120 milhões acumulados nos últimos cinco anos, o almirante Gouveia e Melo assegurou que a Armada "não envia navios em missão sem estarem em condições".

“O problema da manutenção não está neste momento em cima da mesa (…). Nós, a Marinha, não mandamos navios para o mar executar missões quando consideramos que esses navios têm algum risco, e isso quem decide é a hierarquia da Marinha”, esclareceu.

A missão recusada

De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".

Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio.

Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.

Esta ação levou a Marinha a considerar que os 13 operacionais "não cumpriram os seus deveres militares, usurparam funções, competências e responsabilidades não inerentes aos postos e cargos respetivos".

"Estes factos ainda estão a ser apurados em detalhe, e a disciplina e consequências resultantes serão aplicadas em função disso", referia a Marinha.

O ramo confirmou também que o NRP Mondego estava com "uma avaria num dos motores", mas referiu que a missão que ia desempenhar era "de curta duração e próxima da costa, com boas condições meteo-oceanográficas".

No que se refere às limitações técnicas, a Marinha referiu que os navios de guerra "podem operar em modo bastante degradado sem impacto na segurança", uma vez que têm "sistemas muito complexos e muito redundantes".