Uma médica do hospital de Faro apresentou queixa na Polícia Judiciária (PJ) contra um chefe e o diretor de serviço. Fala em 11 casos que podem configurar crime, por erro médico ou negligência – dos quais terá resultado a morte de três doentes.
O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) abriu um inquérito urgente e pediu também a intervenção da Ordem dos Médicos. Também o Ministério Público está a investigar os alegados erros no Hospital de Faro.
É médica há um ano e três meses e começou a fazer o internato em cirurgia em janeiro. Diana Carvalho Pereira admite que lhe falta experiência, mas o que aprendeu no curso de medicina diz ser suficiente para questionar algumas práticas da equipa onde ficou integrada.
Fala em 11 casos que considera serem de erro ou negligencia, que resultaram na morte de três doentes. Diana Carvalho Pereira não generaliza as más práticas que diz ter testemunhado e tece até elogios ao CHUA. E dá exemplos:
“Um dos doentes em específico, que é o que mais me choca, esteve internado 23 dias. Fez um exame de imagem que confirmava que ele precisava de cirurgia, teve alta. Voltou passado uma semana, com um agravamento do estado clínico geral. Só um mês e cinco dias depois do senhor ser admitido a primeira vez é que foi amputado e - já não fomos a tempo - passado uns dias morreu”, conta.
Atribui os problemas a um cirurgião especifico, que era também o seu orientador de formação, e ao diretor de serviço, por alegada conivência. No inicio do mês decidiu avançar com queixa na Policia Judiciária.
Só depois da queixa apresentada à PJ, Diana Carvalho Pereira informou a Ordem dos Médicos, a Administração Central do Sistema de Saúde, a Entidade Reguladora da Saúde e o próprio hospital. O CHUA instaurou um processo interno urgente, que vai ser instruído por um especialista sénior da unidade de Portimão. O diretor clínico pediu também a intervenção da Ordem dos Médicos
A médica recorreu, entretanto, ás redes sociais para expor o caso. Queixa-se de que, no hospital, foi inventada uma historia de insanidade mental para a difamar. Diana Carvalho Pereira cedeu aos jornalistas dois relatórios médicos, ambos com data de quinta-feira: o relatório psicológico refere que o diagnostico de perturbação de ansiedade que tem não influencia a sua capacidade laboral, enquanto o psiquiátrico atesta não evidenciar alterações psicopatológicas.