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"Eleições europeias vão ser verdadeiro teste" para Montenegro e para o Governo

A editora de Política da SIC, Cristina Figueiredo, considera que a preocupação do líder do PSD com a possível data das eleições europeias tem fundamento, até porque "são sempre eleições pouco mobilizadoras", e destaca também o facto de Luís Montenegro ter ido sozinho a Belém.

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O presidente do PSD pediu e, esta terça-feira, reuniu-se com o Presidente da República, a quem transmitiu apreensão por "o Governo não estar a compreender a real situação" dos portugueses e também com a possível data das eleições europeias. Quanto ao "bate-boca” público, dos últimos dias, entre ambos, Montenegro recusou responder, refugiando-se no “recato das relações institucionais”. A editora de Política da SIC chama a atenção para um facto que pode até ter passado despercebido mas “não é um pormenor despiciente”.

“Luís Montenegro foi sozinho a esta audiência, normalmente é uma delegação que se encontra com o Presidente da República. Ao ir sozinho, Montenegro assegura o tal sigilo profissional, numa ação totalmente estratégica”, revelou, acrescentando ainda o facto de na nota de agenda, e posterior nota da reunião, ser apresentado como “Líder da Oposição”.

Na opinião de Cristina Figueiredo, esta referência de Belém “não é um pormenor despiciente. Isto acontece numa altura em que há um ambiente de tensão no país, em que muitos voltaram a falar em eleições antecipadas e que o próprio Presidente não põe de lado essa hipótese, não já mas num futuro próximo”.

Além disso, lembra, “isto acontece ao mesmo tempo que nas sondagens também o Chega cresce imenso". Ora, haver eleições nos próximos tempos, e com as sondagens a darem um empate técnico entre PS e PSD, este último teria de coligar-se com o Chega, "uma situação que certamente não agrada a Marcelo Rebelo de Sousa, um dos fundadores do PSD”.

E, o “bate-boca” dos últimos dias entre Montenegro e Marcelo terá sido tema? “Só podemos adivinhar, mas também sabemos que falam muitas vezes. [Por isso], o que Montenegro pensa não é desconhecido de Marcelo e vice-versa. Agora as circunstâncias estão constantemente a mudar”.

“Ora a situação política está muito crispada em virtude de uma comissão parlamentar de inquérito, com todas as fragilidades que o Governo vai acumulando, a situação do país, [ora, o Executivo] apresenta um Programa de Estabilidade e uma medida como que a querer voltar a página da crise (…) e agora vamos voltar a atenção dos portugueses para aquilo que realmente interessa. Tudo isto obriga também a oposição a rever a sua estratégia (…) e a dar resposta ao eleitorado e ao Presidente da República”, explica.

Quanto às críticas e alertas de Luís Montenegro à possível data das eleições europeias - 9 de junho de 2024 -, a editora de Política da SIC considera que “tem toda a razão, [até porque] as europeias por si só são sempre eleições pouco mobilizadoras”.

Mais. “Já todos devíamos ter percebido que a Europa não é lá longe e que tem tudo a ver connosco. [Mas] se a predisposição natural já é baixa isso, o facto de ser numa semana de feriados e miniférias, potencia a abstenção”, disse.

A verdade é que, as europeias “são mesmo muito importantes para Montenegro porque vão ser o seu primeiro teste eleitoral, o verdadeiro teste como líder do PSD e o teste ao Governo. Todos nós, e o Presidente da República incluído, vamos estar com muita atenção a ler estas eleições”

Cristina Figueiredo lembrou ainda que o líder social-democrata já avisou, e repetiu recentemente, que “se tiver uma hecatombe nessas eleições demite-se”.