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Paulo Raimundo diz não entender como afirmações de Lula sobre paz criaram "embaraço"

O secretário-geral do PCP defendeu ser preciso "afirmar a paz", não a guerra. O Presidente brasileiro acusou os Estados Unidos e a União Europeia de "contribuírem" para a continuação do conflito, enviando armas ao Governo ucraniano. Mais tarde acabou por condenar publicamente a invasão russa.

Paulo Raimundo, secretário-geral do Partido Comunista  Português (PCP)
Paulo Raimundo, secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP)
RODRIGO ANTUNES

O secretário-geral do PCP disse esta quinta-feira não compreender como é que as declarações do presidente brasileiro, "de que era preciso falar mais de paz e menos de guerra", criaram "embaraço", defendendo ser preciso "afirmar a paz, não a guerra".

"O que é embaraçoso é como é que uma proclamação de Lula, apelando a que é preciso falar mais de paz e menos de guerra, como é que isso é um embaraço. Fico constrangido com o embaraço que cria falar-se de paz e não se falar de guerra", afirmou o dirigente comunista.

Paulo Raimundo defendeu ser preciso "afirmar a paz", não a guerra.

"Se há coisa que o 25 de Abril acabou foi com a guerra e abriu os caminhos da paz para o país", disse, acrescentando que o presidente brasileiro, Lula da Silva, reforçou a necessidade de se encontrarem "os caminhos para a paz".

Declarações polémicas em viagem à China

Na semana passada, durante a sua viagem à China e aos Emirados Árabes Unidos, Lula da Silva disse que os EUA deveriam deixar de "encorajar" a guerra e "começar a falar de paz", tal como a União Europeia, e insistiu em apontar-lhes o dedo por "contribuírem" para a continuação do conflito, enviando armas ao Governo ucraniano.

Depois de ter sido criticado pelos Estados Unidos e pela União Europeia devido às suas declarações, o Presidente brasileiro salientou, na terça-feira, que condena a invasão russa da Ucrânia, ao mesmo tempo que defende a paz.

"Ao mesmo tempo em que o meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada. Falei da nossa preocupação com os efeitos da guerra, que extrapolam o continente europeu", disse Lula da Silva.

O Brasil condenou a invasão da Ucrânia na ONU, mas também se alinhou com as posições da Rússia, votando a favor de uma investigação sobre o ataque ao gasoduto Nordstream em setembro passado.