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Quase metade dos estudantes frequenta o ensino profissional

Estudo revela que, em termos europeus, Portugal está na 19.ª posição, com 45% de alunos a seguir este caminho, ficando atrás de países como a Suíça (65%), República Checa (73%) e a Finlândia (71%).

Quase metade dos estudantes frequenta o ensino profissional

Um estudo da EDULOG, uma iniciativa da Fundação Belmiro de Azevedo, revela esta quarta-feira que quase metade dos alunos (45%) portugueses frequenta o ensino e formação profissional. Portugal coloca-se assim na 19.ª posição do ranking europeu de países com mais estudantes a frequentar esta tipologia de ensino.

No topo da tabela estão países como a República Checa (73%), a Finlândia (71%), a Croácia e a Áustria (70%), a Holanda e a Eslováquia (69%), a Eslovénia (67%), e a Suíça (65%).

O estudo identificou ainda três perfis de estudantes no ensino profissional.

Apesar do grupo dominante continuar a ser o dos estudantes com historial de baixo desempenho académico, existe um conjunto de alunos com um histórico de bom desempenho escolar e motivados pelo ensino aplicado, a aprendizagem de uma profissão e a perspetiva de empregabilidade, a par de um terceiro perfil, o daqueles que não pretendem ou ponderam entrar no mercado de trabalho, mas orientados para a prosseguir estudos no ensino superior”, refere o documento.

Alunos de famílias com menor escolaridade procuram mais cursos profissionais

Entre os alunos que seguiram uma formação profissional, “apenas 9% fazem parte de famílias com o ensino superior como o nível de escolaridade dominante, estando a maioria inseridos em níveis de escolaridades inferiores”.

Assim, entre as conclusões do estudo, é apontada “uma tendência dos estudantes de famílias com formação mais baixa optarem pelos cursos profissionalmente qualificantes do que os estudantes de famílias com mais formação académica, que se evidenciam mais nos cursos científico-humanísticos”.

Isto porque também se constatou que a maioria dos estudantes que frequentaram cursos científico-humanísticos (32%) tem origem em famílias em que o ensino superior é o nível de escolaridade dominante.

Ainda assim, “percentagem de jovens que se inserem no mercado de trabalho após a conclusão do curso é muito maior” entre aqueles que seguiram uma formação profissional.

Estudantes de grandes cidades com mais hipóteses de serem bem-sucedidos

Os responsáveis pelo estudo destacam “outro dado relevante”, relacionado com a localização dos alunos no ensino profissional.

“Os alunos do Ensino Profissional de zonas com maior densidade populacional tem mais probabilidade de serem bem-sucedidos, tanto nos seus percursos profissionais como académicos, uma vez que as características das regiões têm interferência no seu percurso”, ressalvam, adiantando que “são as áreas Metropolitanas de Lisboa e do Porto que concentram 40% do total de cursos”.

Já no que diz respeito à oferta de cursos, e tendo em conta o período entre 2018 e 2021, mais de metade “pertence a apenas três áreas de estudo – a de Serviços, a de Engenharia, Indústrias Transformadoras e Construção e a de Saúde e Proteção Social”.

Os cursos nas áreas das Ciências Informáticas, da Hotelaria e da Restauração representam um terço do total da oferta.

Em jeito de conclusão, os responsáveis pelo estudo apelam a um “debate para desmistificar, encontrar consensos, delinear estratégias e envolver os intervenientes num novo paradigma do Ensino Secundário Profissional”.

"Deve ser feito um esforço por parte de todos os agentes para se evidenciar as mais-valias desta formação e o horizonte efetivo de empregabilidade que ela proporciona", apela ainda David Justino, membro do Conselho Consultivo do EDULOG.