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Bloco de Esquerda acusa Governo de cair em "deriva autoritária"

Mariana Mortágua considerou que essa deriva autoritária se viu quando o ministro da Administração Interna "tentou interferir com a administração da RTP" ou quando Costa não comentou as suspeitas de corrupção no ministério da Defesa.

Bloco de Esquerda acusa Governo de cair em "deriva autoritária"
PAULO NOVAIS

Marcelo Rebelo de Sousa começou esta sexta-feira a reunir com os partidos que possuem assento parlamentar, por ordem crescente de representação. Mariana Mortágua, coordenadora do Bloco de Esquerda, à saída da audiência com o Presidente da República, criticou a “deriva autoritária” em que o Governo se deixou cair, referindo, por exemplo, o recente caso de corrupção no ministério da Defesa e o relatório da comissão de inquérito à TAP.

No final de uma audiência com o Presidente da República, que começou esta sexta-feira uma ronda de auscultação dos partidos com assento parlamentar, Mariana Mortágua disse ter transmitido a Marcelo Rebelo de Sousa a sua preocupação com um "processo estrutural de empobrecimento do país".

A coordenadora do BE lamentou o facto de o Governo se ter deixado “cair numa deriva autoritária, que acha que a maioria absoluta lhe vale só por si, mesmo sem resolver a vida das pessoas”.

Mortágua falou da CPI à TAP e das suspeitas de corrupção na Defesa

Mariana Mortágua considerou que essa deriva autoritária se viu quando o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, "tentou interferir com a administração da RTP" ou quando o primeiro-ministro não comentou as "perigosas e gravíssimas suspeitas de corrupção no ministério da Defesa", alegando que Costa considerou que "os portugueses não querem saber da corrupção".

A coordenadora do BE considerou ainda que, também no caso da comissão de inquérito à TAP, se viu essa "tentação autoritária", acusando o executivo de ter começado "por enxovalhar" aquele órgão parlamentar e depois de procurar "omitir totalmente" no seu relatório os "episódios mais rocambolescos" que foram revelados.

"Nunca tinha visto um relatório de uma comissão de inquérito que apaga uma parte da história, que apaga audições, factos, trabalhos, documentos que foram analisados", criticou.

Para Mariana Mortágua, esta "deriva autoritária do Governo, numa tentativa espúria de se proteger perante as dificuldades do país, tornam o relatório da comissão de inquérito num documento inútil".

"É inútil porque não reflete a verdade, não tem qualquer preocupação em refletir o que se passou na comissão. Tem uma única preocupação, que é ilibar o Governo e construir uma ficção", sustentou.

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Existe um cenário de crise política?

Questionada se considera que há um cenário de crise política, Mariana Mortágua respondeu que a "questão é a instabilidade da vida das pessoas" que considerou existir, recordando que o executivo pediu uma maioria absoluta precisamente para ter estabilidade.

"O que temos de exigir ao Governo é que faça o seu trabalho e que governe", frisou.

A coordenadora do BE acrescentou que, "quando o Governo reúne com profissionais da educação ou da saúde, está a reunir com as pessoas que têm as soluções para a saúde e para a educação".

"Enquanto o Governo continuar a insistir de forma autoritária a não ouvir estas pessoas, a não ouvir os problemas e a não encontrar soluções com os profissionais, com quem conhece os setores, com quem quer que a saúde e a educação funcionem em Portugal, não vai conseguir responder aos problemas", defendeu.