O Reino de Pineal, uma polémica seita em Coimbra, escreveu esta terça-feira uma carta, enviada às redações, em que garante não ter intenção de causar distúrbios. O texto não faz qualquer referência à morte de um bebé de 14 meses, em 2022, caso que já está a ser investigado pelas autoridades.
No texto, que começa com um agradecimento ao “povo de Portugal”, garantem não ser uma ameaça, dizem que querem apenas viver em paz e pedem que se respeite o facto de não terem “sido acusados por ninguém de violar qualquer lei”.
“A nossa intenção não é a de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão. Estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que atualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha”, lê-se no comunicado.
Esclarecem ainda não ser um movimento político, mas sim “nómadas viajantes com uma vocação espiritual”. Dizem-se gratos pela “hospitalidade” de Portugal e garantem que quando chegar a altura, seguirão em frente.
Pedem, no entretanto, que se respeite o facto de não terem sido “acusados por ninguém de violar quaisquer leis”.
Sem qualquer referência à morte do bebé de 14 meses, que fazia parte da seita Reino do Pineal, que opera em Coimbra, a carta termina com as palavras “honra”, “terra”, “abundância”, “respeito” e “confiança”.
Leia a carta na íntegra:
Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer ao povo de Portugal por nos ter acolhido nesta terra.
Gostaríamos também de agradecer à constituição portuguesa que nos permite exercer legalmente os nossos direitos de auto-determinação.
Gostaríamos de deixar claro que não somos um movimento político, somos nómadas viajantes com uma vocação espiritual, atualmente a viver na embaixada na soberana República Portuguesa.
A nossa intenção não é de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão.
Estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que atualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha.
Não somos uma ameaça para a República de Portugal, nem para o modo de vida de ninguém, pois não impomos as nossas crenças aos outros. O modo de vida que escolhemos tem como objetivo restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas.
Estamos gratos pela imensa hospitalidade e constituição de Portugal que nos permite praticar legalmente as nossas crenças espirituais e estabelecermo-nos como um povo cultural autodeterminado.
Quando chegar a altura, seguiremos em frente. Entretanto, tencionamos continuar a viver em confiança, de forma legal e pacífica, cuidando da terra onde estamos atualmente instalados.
Pedimos gentilmente que respeitem o facto de não termos sido acusados por ninguém de violar quaisquer leis. Tudo o que temos feito e continuamos a fazer é legal e respeita os costumes de Portugal.
Agradecemos a vossa correspondência e o facto de honrarem e respeitarem os nossos direitos espirituais e constitucionais de viver pacificamente sem ameaças de perseguição.
No interesse da saúde e da segurança das nossas mulheres e crianças da nossa comunidade, peço-vos que respeitem a nossa privacidade. Estamos sempre abertos a comunicar, desde que haja um diálogo respeitoso, contactando o nosso e-mail.
Agradecimentos da família Pinheiro e da comunidade do Reino de Pineal.
Honra . Terra . Abundância . Respeito . Confiança"